A tecnologia e os avanços científicos têm interagido e favorecido aos médicos. Biólogos da Califórnia descobriram a mutação daf-2 capaz de duplicar a vida do verme nematoda; o biólogo Matt Kaeberlein descobriu a rapamicina extraída de uma bactéria capaz de aumentar o tempo de vida de células, evitar tétano, controlar o stress, frear o Alzheimer e o desenvolvimento de cânceres. Há, pelo mundo perto de 2.000 estudos sobre esse medicamento.
Em 2017 inventaram um sensor em forma de comprimido para emitir informações do interior do paciente; em 2019 lançaram medicamentos capazes de matar células envelhecidas. Sem dúvida as máquinas computadorizadas, as descobertas farmacêuticas e de outras ciências têm aumentado a expectativa de vida e a esperança de eternidade. Porém, nem sempre o querer é poder e o entusiasmo é sucesso.
Como já disse, a morte é um problema espiritual transcendente às possibilidades humanas, mas para a felicidade humana, Deus já solucionou este problema: aquele que crê em Jesus tem a vida eterna (João 3:36), e deixou claro nas Suas Palavras sobre os mortos.
A ideia da dicotomia humana, corpo e alma, nas igrejas é baseada nos ensinos dos gregos, principalmente Platão e Aristóteles – ver o Mito da Caverna de Platão, mas é antibíblico.
O tema “morte e ressurreição” são fundamentais para o pensamento judaico antigo. Muitos se enganam, contaminados pelo pensamento hindu e grego, crendo e ensinando, que os mortos santos vão ao céu, os maus para inferno e aqueles não tão perfeitos, para o purgatório.
O Prof. israelita, Dr. Nicholas J. Schaser diz que “céu (shamayim no hebraico e ouranos no grego) é onde Deus vive, e sheol (hebraico), hades (no grego) o lugar para onde os mortos (bons e maus) vão. “Em vez de descrever uma vida após a morte no céu, a Bíblia se refere ao ‘Sheol ’como reino intermediário no qual o falecido espera pela ressurreição física. Quando Jacó pensa que José morreu, exclama: Eu irei ao Sheol, para meu filho” (Gênesis 37:35), sheol significa sepultura.
A oração de Hannah afirma que os que estão no Sheol serão, um dia, ressuscitados para uma nova vida: “O Senhor traz a morte e torna vivo (mehayeveh); ele desce ao Sheol e levanta” (1 Sm 2: 6).” A Bíblia enfatiza a ressurreição dos mortos: “Multidões que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para a vergonha e horror” (Dn 12:2).
Jesus disse: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão, os que tiverem feito o bem, para a … vida, e os que praticaram o mal para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29). Segundo a Mishnah, “os que nascem estão destinados a morrer, e os que morrem estão destinados à ressurreição” ( m. Avot 4:22).
Os judeus antigos aguardavam uma ressurreição física universal, na qual todos, justos e iníquos – se apresentarão diante de Deus. “Porque eu sei que meu Redentor vive e por fim Se levantará sobre a Terra.
Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-Lo-ei por mim mesmo, os meus olhos O verão, e não outros; de saudades o coração desfalece dentro de mim (Jó 19:25-27). Para os judeus sheol é o lugar onde os mortos aguardam a ressurreição. “A intenção de Deus é restaurar vidas do sheol através da ressurreição (Sl 6:4-5)”.
No sheol, lugar escuro, caótico (Jó 10:21) e silencioso (Sl 94:17) os mortos estão inconscientes, não têm amor, ódio, sabedoria, inveja, nem participam de coisa alguma do mundo dos vivos (Ecl 9:6); o que acontece aos animais, acontece aos homens, uma vez mortos, vão para o mesmo lugar.
Na sepultura não fazem coisa alguma, nem participam de projetos (9:10). O profeta Isaías também se alegrava aguardando essa esperança: Os vossos mortos, e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão, despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o Teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho da vida, e a terra dará à luz os seus mortos. (Is 26:19).
O Salmista cantou “Alegra-se o meu coração e o meu espírito se exulta; o meu corpo repousará seguro. Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o Teu santo veja a corrupção” (Sl 16:9-10). A ideia de morte na Bíblia é de sono, descanso, inatividade, insensibilidade, e total esquecimento (1Re 2:10).
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.