Rafard e o Mundo estão quase totalmente sufocados pela poluição do ar, das águas, da terra, e da moral. No último artigo comentamos a poluição causada pelas queimadas da cana-de-açúcar e despejo de pesticidas.
Os sapos desapareceram, nhambus e codornizes sumiram, lebres e coelhos extintos, há um desequilíbrio do ecossistema, necessitam então de mais pesticidas. Quanto mais veneno, mais resistentes tornam-se as pragas.
As principais empresas do mercado mundial de agrotóxicos: Syngenta, Bayer CropScience e BASF, responsáveis por colocar quase metade desses venenos no mundo, estão na Europa. Pesquisas científicas europeias denunciam, há décadas, seus males ao meio ambiente e à saúde, e devido à pressão da sociedade civil organizada, proibiram-nos.
Larissa Mies Bombardi, da U.S.P., especialista no assunto, originadora do atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia” diz que essas empresas transferiram os produtos mais perigosos para mercados mais permissivos, como o Brasil. Quase 600 mil toneladas de 239 tipos de químicos, dos quais 70% são os mais perigosos, como paraquate, Atrazina e Acefato, foram despejadas nas plantações brasileiras.
O Ministério da Saúde afirma, que só 8 casos são registrados, contudo, 400 pessoas são intoxicadas todos os dias e algumas levam à morte. Segundo o British Journal of Clinical Pharmacology de 2011, nos países asiáticos 300 mil pessoas morrem intoxicados por esses venenos todos os anos.
Também na Itália o paraquate foi analisado e condenado como causador de cânceres linfáticos, Parkinson e mortes, aumentando o risco quando associado a outros tóxicos como o Radone, mesmo quando são baixos os níveis de paraquate.
O herbicida “paraquate”, oitavo agrotóxico mais vendido no Brasil, está no arroz, banana, batata, café, cana-de-açúcar, citros, feijão, maçã, milho, soja, trigo, é de alto risco à saúde humana. É fabricado pela gigante mundial suíça Syngenta desde a década de 60; é proibido em território europeu desde julho de 2007.
O paraquate foi investigado durante nove anos pelo instituto francês “Centro de Controle de Intoxicações” que comprovou sua associação direta com casos de envenenamentos fatais, depressão e grande número de suicídios devido à neurotoxicidação, ou, diminuição da dopamina, como afirma a biomédica Dra. Karen Friedrich, do Ministério do Trabalho. Além disso, esses agrotóxicos são responsabilizados pelo aumento do número de cânceres, Parkinson, danos genéticos, doenças pulmonares, cardiovasculares e cerebrais.
Atrazina é o sexto agrotóxico mais vendido no Brasil (27 mil toneladas só em 2017), embora proibido na Europa desde 2004. Entre 2000 e 2010, houve um aumento de 100% no consumo mundial de pesticidas, no Brasil houve 200%. Esse veneno é usado nas plantações de milho, abacaxi e cana-de-açúcar.
O uso desses venenos arruína a saúde humana, causa mortes, desequilibra o ecossistema. Segundo o biólogo Dr. Tyrone Hayes, professor da Universidade da Califórnia, EUA, é assustador o fato de atingirem os níveis de testosterona, diminuir as glândulas reprodutoras e mudarem o sexo de animais como o sapo.
Ele revelou que 10% dos sapos machos estudados foram feminizados pela Atrazina, acasalaram com outros machos e produziram ovos, a pesticida agora é conhecida, entre os estudiosos como “Atrazine Lovers”. Este pesticida é encontrado nos lagos, rios e poços de água potável próximos às culturas onde a Atrazina foi aplicada.
Acefato é o 4º agrotóxico mais vendido no Brasil (mais de 29 mil toneladas em 2017). Usado nas culturas de algodão, amendoim, batata, citros, feijão, melão, milho, soja e tomate. O acefato ainda está sendo estudado, mas já se sabe que ele causa neuropatias (enfermidade dos nervos) como inflamação da medula espinhal com paraplegia, pode causar danos ao DNA, má formação do feto e câncer transmitido geneticamente, afirma a toxicologista Karen Friedrich.
A Anvisa baniu tais herbicidas após estudos confirmarem os males que eles causam nos genes, permitindo a venda até 2020, no entanto as gigantes produtoras tem feito lobby entre políticos para reverter o quadro.
Ver art°: “Agrotóxicos proibidos na Europa são campeões de vendas no Brasil” José Brito, Agência Pública/Repórter Brasil | 10/12/18.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.