A Ordem Cavaleiros da Cruz de Cristo tinha como sede o palácio de Tomar, à beira do rio Tejo, famoso pelas construções (turismo histórico de Portugal), ladeadas pela cruz templária e pela de Cristo, e várias torres.
Por meio da Ordem, o Infante D. Henrique impulsionou as viagens marítimas idealizadas por D. Dinis. A cruz era tão importante quanto a espada. Era símbolo de poder, riqueza, luxo e vitória sobre o demônio e bárbaros infiéis; estava nas vestes, nas bandeiras, nas caravelas.
Os templários ou Cavaleiros eram indômitos, morreriam por sua cruz, pelos seus segredos e misticismo, raras exceções, não eram de bom caráter, não hesitavam em trucidar para alcançar seus objetivos.
De sua viagem ao Oriente, o Infante trouxe a ideia de terras por conquistar e investido do título de Grão-mestre da Ordem, fundou em 1443 a Vila de Sagres para dar apoio aos nautas com conhecimentos geográficos e cartográficos, experimentados mestres como Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, Nicolau Coelho e monges oriundos de vários lugares do mundo, e o Grão-mestre Pedro Álvares Cabral, sem experiência ultramarina, mas nobre cavaleiro.
O Papa Martinho 5º favoreceu a Ordem e deu o aval para, em forma de cruzadas, tomar as terras e exercer a administração temporal e espiritual bem como cobrar impostos.
A Ordem militar e eclesiástica levava a cruz e o catequismo, impondo a religião e a realeza conquistadoras.
Foi assim que Padre Manoel da Nóbrega plantou a cruz, logo ao chegar no Brasil. Para os conquistadores, Portugal era um país idealizado por Deus desde a criação do mundo, pois Deus deu, pessoalmente, a D. Afonso Henriques, as “Actas da Corte de Lamego” documento oficial sobre o milagre, tipo de Constituição.
Vieira dizia que Portugal tinha a missão de Deus, o rei era mais de Deus do que os demais por ser missionário, a história de Portugal era sagrada, como a de Israel, sua língua angelical e a impunham, as crônicas eram intermináveis relatos de milagres para convencer e domesticar os infiéis (judeus, protestantes) e pagãos (índios e negros).
As poesias de Lopes de Veja e de Camões são exaltação ao rei e ao povo portugueses. Os mais cultos portugueses criam que Lisboa havia sido fundada pelo deus grego Ulisses, dando o nome de Ulissipo, o rei era imortal, o povo escolhido por Deus para evangelizar e humanizar, ainda, que condenando à morte aos “insubordinados”.
D. João 2º deu novo impulso à política de seu antecessor e dentre outras, conquistaram as terras dos brasis. D. João 3º conseguiu do Papa Júlio 2º o título de Grão Mestre da Ordem, a qual, desde o século 14, tinha ideia de globalização com moeda única, mapas localizando o Brasil; motivo da ameaça de guerra contra a Espanha, favorecida pela bula papal “Inter Caetera” do imoral Papa Alexandre 6º. Tudo pacificado com o Tratado de Tordesilhas.
Após missa o rei cobriu Cabral, capitão-mor, com barrete bento enviado pelo Papa e deu-lhe a bandeira da Ordem dos Cavaleiros da Cruz de Cristo, e após desfile apoteótico, partiu no domingo, 8/3/1500, de Tejo, com 13 caravelas engalanadas pelas bandeiras crucíferas, todas dirigidas por cavaleiros trazendo 8 franciscanos.
Chegando, hastearam a bandeira; Nicolau Coelho trouxe muitas cruzes de estanho, beijaram a cruz para que os índios os imitassem e Frei Henrique de Coimbra rezou a primeira missa. Notaram que os índios eram “bestiais, sem religião, não fanados” (circuncidados como os judeus).
Para comemorar o 4° centenário (1900) cunharam moedas com uma cruz e a frase: “In Hoc Signo Vinces” (Com este signo vencereis) e a esfinge de Cabral.
O objetivo era tomar posse do Brasil, prosseguir às índias para derrotar os muçulmanos e instalar ali uma feitoria portuguesa, por isso vieram muito bem armados.
Voltaram carregados de especiarias, porcelanas, sedas, e apesar da perda de muitos homens, foi tida como sucesso; o lucro cobria as despesas, o Brasil seria ponto de reabastecimento além da catequização, como disse D. Manuel, o rei: “…devem (os moradores do reino) serem buscados para mais inteiramente haverem prática da nossa fé e serem das coisas dela doutrinados e enviados ao serviço de Deus e satisfação da sua alma”. Evangelizar era conquistar e tornar submissos, dóceis e assimiladores dos hábitos e crenças dos portugueses.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História
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