Ao notar uma árvore seca, vencida pelo tempo
de seus infinitos anos, de cernes ainda firmes
deparei-me, em seu píncaro, um pássaro tão diferente
de cores cambiantes e um canto solitário e triste;
a árvore quer voar – o pássaro não a deixa:
— fica aqui em teu lugar, voarei por ti
trarei notícias e renovadas sementes de tua espécie
verás perpetuar tuas linhagens, teus frutos, tuas sementes
e tuas sublimes sombras de outrora
que hoje já não as tens mais…
Aqui farei meus ninhos, nas suas frondes e ramagens
por cujas frestas perscrutarão os raios de sol
despertando solenemente meus filhotes
que ensaiarão seus acordes e voos matinais!