Olhando o calendário de datas comemorativas, encontrei muitas datas interessantes; duas delas me chamaram atenção, levando em conta as tribulações da humanidade como um todo, suas guerras e paz, perdas e conquistas, vitórias e derrotas, alegrias e tristezas.
Um deles é dia do Aperto de Mão, comemorado internacionalmente em 21 de junho. O gesto de apertar as mãos é um dos símbolos corporais sociais mais utilizados em diversas culturas ocidentais, e representa um sinal de concordância e união entre duas pessoas.
Acredita-se que este gesto era usado para indicar que a pessoa não carregava uma arma consigo e estava se apresentando em total amizade, que era confiável.
A outra data é 22 de maio, em que se comemora o Dia do Abraço.
O abraço é uma demonstração de carinho, afeto e amizade que está presente em todas as culturas. É claro que o abraço pressupõe alguma intimidade, mas algumas culturas e pessoas são mais “abraçadeiras” do que outras.
Dentro dos grupos de autoajuda de AA e NA, como também dos que acolhem os familiares dos alcoólicos e dependentes de drogas, Al-Anon e Nar-Anon, existe uma tradição de acolher aqueles que chegam pela primeira vez com um abraço e dizendo que eles são as pessoas mais importantes para o grupo.
E todas as reuniões se encerram com uma prece e também com o abraço entre todos, numa confraternização que demonstra que todos são iguais e buscam a recuperação e fraternidade.
Aproveitando, vale destacar que é fácil chegar a esses grupos, que são uma terapia muito boa e simples. Basta apenas o desejo de participar; não há triagem, ninguém pergunta seu sobrenome, não tem taxa nem lista de presença ou ausência, e o próprio interessado escolhe o dia que deseja participar, sem nenhuma exigência ou obrigatoriedade.
Hoje a Organização Mundial da Saúde reconhece o alcoolismo e a adicção como sendo uma doença que, se não tratada, pode causar desordem de grande poder destrutivo físico, emocional, mental e espiritual; além disso, estão entre as principais causas de morte entre homens de 20 a 40 anos de idade: overdose, suicídio, homicídio, acidentes, câncer, cirrose hepática, entre tantas.
Além de comprometer seriamente os familiares e amigos dos dependentes, a falta de conhecimento acerca do que são esses males é assombrosa, e a maioria dos familiares e amigos não procura ajuda por considerar que o problema é apenas do usuário.
Nos grupos, os dependentes ou familiares vão encontrar pessoas que acreditam nelas, que não as julgam nem medem sua condição social, que desejam se ajudar mutuamente e se interessam pelo mesmo problema, trocando as experiências pelas quais passaram e o exemplo de ter vencido as dificuldades.
ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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