Aos eleitos nossos cumprimentos, que Deus os bendiga. Os candidatos eleitos devem receber o diploma, os louros, os festejos. Porém, após a euforia vem o dever, olhem para o caderno com suas promessas, pautem-se por ele, trabalhem para merecer o elevado salário que é o suor do povo transformado em impostos.
Os candidatos devem lembrar-se de que o cargo é o serviço em ação, ter em mente que estão governando e legislando pelos eleitores, em benefício do povo. Embora vivam num lodaçal de corrupção, devem ser como o lírio branco, sem manchas, que cresce no meio do esterco. Para a nossa infelicidade e insegurança, os políticos, com raras exceções, por sua falta de caráter e pecha convivem numa pocilga que exaure e desestimula os eleitores a votar e os honestos a concorrer aos pleitos.
A honestidade, o cumprimento do dever e das promessas refletirão o caráter dos dignitários. Por favor, não legislem em causa própria ou corporativa, esqueçam um pouco o anseio pelos ganhos, as rusgas partidárias e mourejem em uníssono pelo bem da cidade e do povo, aliás vocês são partícipes dela. Não queiram ser respeitados pelos cargos que ocupam, mas pelas pessoas que ocupam os cargos.
Há um provérbio que eu citava aos meus alunos de Ética Empresarial muito adequado aos que se assentarem nas cátedras da Prefeitura e da Câmara municipal: “Quando estiverem subindo tratem bem os que estão descendo para serem bem tratados quando estiverem descendo pelos que estiverem subindo”. Quando o senhor Brás Félix assumiu a Prefeitura de Rafard, meu pai era funcionário da Prefeitura e do partido da oposição. Meu pai teve um AVC, mas o prefeito eleito Brás Félix, levava o salário do meu pai em minha casa.
É público que ele sempre se portou com dignidade e honestidade no seu cargo, mas nunca ouvi sobre um tributo de honra a esse homem.
Meu professor de grego contou, que um rei persa convocou os três melhores tapeceiros para concorrerem ao cargo de tecelão do palácio. Cada um fez um tapete mais lindo que pôde. O rei reconheceu a beleza e perfeição das obras de arte, mas perguntou a cada um deles em separado: “Reconheço a beleza de seu trabalho, este é o melhor que pode fazer? Você aplicou todo o seu talento?” Dois deles responderam: “Sim Majestade, é o melhor, pode examinar a perfeição!” Um deles, porém disse: “Bem Majestade, fiz o que pude, mas se me der nova oportunidade, creio que poderei melhorar!” O rei contratou a este e dispensou os outros dois. Prezados candidatos, nunca se contentem com o que você fez e do estado do povo e da sua cidade, você sempre pode melhorar.
Há terríveis males entre os edis, deputados, senadores e mesmo nos tribunais: nas reuniões trata-se por excelência antecipando as depreciações e ofensas; não apoiam projetos de partidos opostos, deixam inacabadas as obras iniciadas pela oposição ainda que sejam benéficos ao povo.
Você deverá entregar o cargo após o período não se vangloriando ou se aplaudindo, mas sendo aplaudido pelo povo. A Bíblia aconselha: “Diante da honra vai a humildade” (Prov. 15:33). Não é digno procurar a sua própria honra. “Louvem-te os estranhos, mas não a tua boca” (Prov. 27:2).
O sistema político do Brasil é democracia – é o que está na Constituição. Democracia (demo quer dizer povo e “cracia”, governo) é o governo em que o povo participa. Sem a participação do demo torna-se uma “teratocracia”, ou seja, um governo anômalo. Se a “Câmara é a Casa do povo” porque não ouvir o povo, seus anseios, opiniões e sugestões? Perguntar não ofende!
Existe um código de ética naquela Casa, que orienta o comportamento entre os pares. Tal qual os trilhos são para a locomotiva, é a ética para os edis e prefeito; se o trem sair dos trilhos haverá terríveis consequências, assim será quando o selecionado sentar na cátedra e andar por caminhos tortuosos. Numa cidade pequena o comportamento vai além dos procedimentos morais, vai até à gentileza e à bondade relacional.
Que o nosso Deus oriente o povo a eleger os melhores e ilumine aos eleitos para que façam de Rafard, uma cidade mais limpa, próspera e menos poluída. O povo está sequioso pelo bem estar.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.