“… segundo a lei de causa e efeito, se nos encontra em serviço ao próximo, manda a Divina Misericórdia que a execução seja suspensa, por tempo indeterminado”. Emmanuel (Chico Xavier) (1)
Na Terra, vivemos pouco tempo em relação à eternidade; nossa vida mais parece um suspiro, e para ser honesto e bom é fundamental deixar, para depois da partida, um mundo melhor e mais generoso ao nosso próximo.
Todos têm que fazer a travessia para Deus. Entendo que morte é vida, como um novo nascimento, um limiar de nova plenitude.
Podemos, sim, ser felizes, com aquilo que a Terra oferece e Deus permite, com bom ânimo, trabalho e prática do bem.
Não podemos exigir dos outros que nos deem felicidade – esta é uma tarefa impossível. A felicidade mora dentro de nós, quando descobrimos as virtudes da humildade e do amor. E o amor começa no servir e respeitar a si e ao próximo, são eles que fornecerão a medida única e exata de nossa ficha de realizações e do nosso merecimento espiritual.
O ex-padre Manoel da Nóbrega declara essa verdade: “a religião irrepreensível da alma, perante a Divina Providência, segundo no-la confirma a Doutrina Espírita em seus postulados, repousa, acima de tudo, no serviço ao próximo e no caráter ilibado, ou melhor, na caridade incessante e na tranquilidade da consciência”. (2)
Quando Jesus recomendou o amor como exercício que fortifica a alma e não cansa o coração, passamos a compreender que quanto mais nossas ações, palavras, preces, mãos e socorros estendemos ao semelhante, por certo mais próximos estaremos de Deus e de suas ações, tendo consciência de que a prática da gentileza espontânea é a nossa promoção a uma vida melhor. E que, um dia, na volta que a vida dá, esses beneficiados poderão se transformar naturalmente em testemunhas de nossa causa, auxiliando-nos espontaneamente.
Hoje é sempre nosso melhor tempo, e a vida é feita de escolhas que fazemos ao longo dela, muitas vezes queremos olhar para trás e pensamos como seria se tivéssemos agido de outra maneira – não tem volta, mas podemos fazer diferente agora e reparar muita coisa.
O sábio pedagogo Allan Kardec assim registrou nossa experiência nas encarnações: “Não há uma só imperfeição da alma que não acarrete consequências desagradáveis, inevitáveis, e não há uma só qualidade boa que não seja fonte de ventura. A soma das penas é assim proporcional à soma das imperfeições, como a dos gozos é proporcional à soma das boas qualidades”. (3)
Esforcemo-nos para manter a mente aberta e a vontade de buscar melhores dias, crentes de que os dias são curtos na Terra, mas a vida é imortal e Deus sempre vai estar conosco, como diz o salmista (Salmos 73:26): “Ainda que a minha mente e o meu corpo enfraqueçam, Deus é a minha força. Ele é tudo o que eu sempre preciso”.