Com meu pranto lavei meu rosto
marquei contigo um encontro
numa rua estreita, sem saída
(para onde mais fugirias?)
no final, um obstinado portal
e uma passagem secreta
aos intramuros do meu quintal:
– Abri-vos, ó porta eterna!
Ela se abre, com muito fragor
eu – lânguido e ofegante
e ela, anelante de amor!
Sob sombras augustas e relvas macias
perfumes de gardênias e jasmins
uma brisa e o som do silêncio,
no meu mágico e imenso jardim.
Falamos da vida, de coisas pretéritas
das alquimias do verbo amar
assuntos livres e amenos
de muitas veleidades
sem culpas ou desculpas
das mentiras e verdades
sem medo do medo,
do acertar ou errar…
As estrelas, os primeiros brilhos
já o crepúsculo avançado
que escondia nossos desejos
e os mais sublimes pecados.
– Onde estiveste por todo este tempo?
Não indago com quem – sofreria em demasia!
– Fugindo de mim mesma, da vida e até de ti
que me iludiste com teus sonhos e fantasias.