29/05/2015
Almir Pazzianotto Pinto fala sobre período em que foi ministro do Trabalho em palestra na Loja Maçônica
Capivariano foi escolhido por Tancredo Neves e ocupou o cargo durante o governo de José Sarney; tema é abordado no livro ‘A Transição (1985-1988)’
CAPIVARI – A Loja Maçônica Integridade foi palco de uma palestra no fim da tarde de sábado, 23, com o advogado Almir Pazzianotto Pinto, sobre seu livro “A Transição (1985-1988)”, no qual fala sobre o período em que exerceu o cargo de ministro do Trabalho. O evento foi realizado pelo grupo DeMolay de Capivari e reuniu dezenas de pessoas, incluindo autoridades municipais.
Pazzianotto também foi corregedor-geral, vice-presidente e presidente do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, e presidente do Tribunal Superior do Trabalho. Em entrevista à rádio Raízes FM, o capivariano contextualizou a época abordada em sua obra, falou sobre as mudanças no setor trabalhista e opinou a respeito do atual cenário político brasileiro.
“Procurei sintetizar esse período difícil e decisivo da redemocratização. O presidente Sarney não havia sido eleito presidente da República pelo colégio eleitoral. Ele era vice do Tancredo que, impossibilitado pela doença que o levou à morte poucos dias depois, não chegou à presidência da República, e foi, portanto, substituído pelo vice-presidente”, relembra.
“A substituição foi um pouco traumática. Surgiram dúvidas sobre a quem caberia assumir o lugar de um presidente que não havia tomado posse”, continua. “Por fim, o problema se resolveu da maneira mais inteligente possível. O presidente Sarney assumiu com um Ministério que não havia sido escolhido por ele. O Ministério todo havia sido escolhido por Tancredo Neves. Inclusive eu, que mal conhecia Sarney.”
Segundo Pazzianotto, seu livro também faz referências ao governo de André Franco Montoro (governador de São Paulo entre 1983 e 1987), “no qual fui secretário do Trabalho, porque a abertura, a transição começa na realidade no governo Montoro, com todas as dificuldades que ele enfrentou, com toda a incompreensão de muitos daqueles que não o haviam apoiado”, explica.
Apesar de aposentado do cargo de ministro vitalício no Tribunal Superior do Trabalho desde 2002, o advogado defende a necessidade de uma “profunda reforma trabalhista”. “Eu digo isso há mais de 30 anos. Porque a CLT é de 1943. Não havia a industrialização que é hoje. E o mundo era completamente diferente. O mundo estava dividido entre um eixo nazi-fascista, repúblicas democráticas e países desconhecidos.”
“O mundo hoje está globalizado. É quase um mundo sem fronteiras”, afirma o capivariano. “A atividade econômica intensamente informatizada. Nós precisamos adequar a legislação da época da locomotiva à lenha para esta fase do avião a jato, do supersônico, do trem bala, das fábricas automatizadas, robotizadas. E a legislação trabalhista tem sido um obstáculo.”
Na ocasião, foram vendidos cerca de 50 exemplares do livro de Pazzianotto, cuja renda será revertida a obras assistenciais. Ele conta que a iniciativa foi da Loja Maçônica, por meio de seu sobrinho Carlos Alberto Maschietto, proprietário da Raízes. “Espero que as pessoas que recebam o livro apreciem. Não é um livro comercializado, é um livro feito para ser entregue a pessoas que gostem de ler.”