É comum em todas as cidades encontrar pessoas que desenvolveram o hábito do alcoolismo a conversarem sozinhas, gesticulando, reclamando e, às vezes, até brigando com seres imaginários (para nós, não para eles).
São influências de espíritos que são comparsas do dependente de álcool, ou então seus obsessores. E por que Deus permite? Permite porque concedeu a todos nós o livre-arbítrio; somos livres para escolher e escravos de nossas escolhas, e em muitos casos o viciado entra num estado de alucinação ou delírio que, para a psicologia, tem um sentido diferente do espiritual.
Cornélio Pires, de Tietê, que viveu pela nossa região fazendo apresentações em Rafard e Capivari, após sua morte passou a escrever pela mediunidade de Chico Xavier. Uma pessoa mandou uma carta, dirigida “ao espírito Cornélio Pires”, pedindo-lhe que falasse sobre a questão da cachaça, e então o médium Chico recebeu a mensagem do velho Cornélio com o título de Informações do Além:
Recebi o seu bilhete,
Meu amigo João da Graça.
Você deseja do Além
Notícias sobre a cachaça.
O assunto não é difícil.
Cachaça, meu caro João,
Recorda simples tomada
Que liga na obsessão.
Você sabe. Aí na Terra,
Nas mais diversas estradas,
Todos temos inimigos
Das existências passadas.
Muitos deles se aproximam
E, usando a ideia sem voz,
Propõem cousas malucas
Escarnecendo de nós.
Nas tentações manejamos
Nossa fé por luz acesa,
Mas se tomamos cachaça
Lá se vai nossa firmeza. (…)
Rapaz de brio e saúde
Era Juca de João Dório,
Enveredou na garrafa,
Passou para o sanatório. (…)
Companheiro certo e bom
Era Neco de Tião,
Afundou-se na garrafa,
Aleijou o próprio irmão. (…)
Eis no Além o que se vê.
Seja a pinga como for,
Enfeitada ou caipira,
É laço de obsessor. (…)
ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.