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Ainda, Capivari IX

16/02/2018

Ainda, Capivari IX

ARTIGO

Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)
Denizart Fonseca é professor de Educação Física e militar (Foto: Arquivo pessoal)

Os imigrantes e o trabalho

Uma primeira constatação que poderia ser analisada um dia pelos sociólogos que tiverem Capivari com seu campo de es todos, é o fato que a maioria dos migrantes provenientes do Sul da Itália dedicou-se a atividades industriais ou comerciais: tem-se assim os Santoro na serraria, os Panza, Annicchino e Crócomo como caldeireiros, Capóssoli com sapataria, Scafóglio e Lembo em atividades comerciais. No caso dos setentrionais, embora muitos deles também tivessem tido outras atividades, a tônica, ao menos no início, foi a atividade agrícola, razão pela qual quase todas as famílias originárias do Norte tenham residido, ao chegar à região de Capivari, em sítios e fazendas situados no município ou nas cercanias.

Mas todos eles, morassem em sítios ou na cidade, dedicados ao comércio, à manufatura ou à agricultura, tinham trazido, acondicionado na bagagem que os acompanhava desde o além-mar, um item especial: a valorização do trabalho.

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Nos relatos que se acolheram em Capivari para a elaboração deste livro, o trabalho é o tema central: Natalina Colnaghi Rocchi e Maria Catto Boccardo, viúvas que tiveram de educar sozinhas os filhos e levar em frente ás casas comerciais deixadas por seus maridos: Agostinho Bresciani e seus filhos, trabalhando até tarde da noite com os rolos de fumo, sem prejuízo do despertar de madrugada para a lida no campo; Emídio Capóssoli, que começou a vida no Brasil como sapateiro em Barra Mansa, tendo conseguido mais tarde construir uma sólida casa comercial. E o valor dado ao trabalho transmitiu-se para as gerações mais novas: de Vilma Gaisler, ouvimos o depoimento sobre a pesada carroça que ela e as irmãs empurravam, Rua Quinze acima, para vender peixes na cidade.

É essa a nossa opinião, a maior contribuição do migrante italiano à cidade de Capivari. E agora, com a palavra, Maria Augusta.

Contribuição do migrante à cultura e aos hábitos cotidianos. – Texto de Maria Augusta de Bastos de Mattos.: Chegando á Capivari, os italianos se inseriram na cultura da cidade. Com o passar do tempo, praticamente ficou impossível distinguir, no que concerne a hábitos, um Ferraz de um Cereser, um Pacheco de um Guidetti, um Andrade de um Giovanetti.

Os italianos, em Capivari, não se isolaram num grupo à parte, não fizeram da cidade uma colônia, uma nova Trento, uma nova Rovigo; não reproduziram no país que os acolheu, a vida que levavam na Itália. Ao contrário, eles se abriram para os costumes, as comidas, a língua e o modo de se expressar. Passaram a ser “caboclos”, como os antigos moradores, das Ruas: Antonio Pires, Tiradentes, Sete de Setembro, da Rua da Barra, da Raia; como os sitiantes do Morro Amarelo, da Laranja Azeda.

No setor profissional e nas diversas atividades civis, tivemos um Amaral como prefeito, mas também um Colnaghi, um Annicchino, um Quagliato, um Forti. Temos um Soares como padeiro e confeiteiro, mas também um Bresciani, um Pellegrini, um Boccardo, um Roque, um Armelin, um Pagliardi. Um Prata poeta, mas também um Campagnoli. Professoras Gonzaga e Camargo Penteado, mas também Morato, Annicchino e Conforti. Temos Duarte e Nascimento de Souza, mas também Rossi, Moroni, Pazzianotto, Mazzafero, Forti, Schincariol, Falcirolli, Temos costureiras e bordadeiras, professora Hermengarda, Guimarães, mas também Alacadipani, Datti, Cardinalli, Cassaniga, Marturano, Forti, Rossi, Possato, Santoro, Orlandin, Piai, Soraggi. Temos religiosos Ferraz, mas também Freguglia, Stuchi. (Segue)

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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