O termo gnosticismo vem do grego gnosis que significa conhecimento, gnósticos são os depositários do conhecimento, dos arcanos (mistérios) são os sábios.
Segundo o dicionarista Aurélio, gnose é um conhecimento esotérico perfeito a respeito de Deus, transmitido tradicionalmente através de ritos de iniciação. O Prof. Carlos L. Mattos define gnosticismo como conhecimento esotérico acerca da religião pretendido pelos gnósticos. É um sistema teosófico (sabedoria a respeito de Deus) daqueles que se diziam possuidores da gnose. É um misto de cabala, neoplatonismo, e religiões orientais.
É oportuno lembrar que o gnosticismo surgiu no ocidente mais ou menos entre a metade do século 1 e século 2 d.C., quando houve forte influência do hinduísmo, mitraísmo do platonismo (a filosofia grega foi influenciada pelo hinduísmo Os gnósticos se apropriaram do termo “aeon”, (seres espirituais, em pares, provenientes de Deus, chamados “pleroma”, ou, mundo espiritual, invisíveis, distinguindo-se do mundo material, denominado “Kenoma”, o mundo visível.
O mundo material é sempre mal, o espiritual é bom. Para os agnósticos “Sophia” (sabedoria) é equivalente a “pronoia” ou previsão. Sophia é o “aeon” mais comum na mitologia gnóstica, está envolvido na criação da humanidade, proporcionando-lhes o espírito, o que desagradou ao Demiurgo e aos seus arcontes que conferem à humanidade, alma e corpo, que é a matéria, a parte má proporcionando equilíbrio às criaturas.
Platão (427-347 a.C.), assim como Aristóteles (384-322 a.C.) seu discípulo, usa com preferência o vocábulo “gnósticos” para identificar os filósofos, aqueles que sabem. Henry More 12/10/1614 – 1/9/1687, filósofo, também influenciado por Platão ressuscitou a palavra no seu comentário Às Sete Igrejas do Apocalipse, quando fala das heresias da Igreja de Tiatira (Apocalipse 2:18-29).
Valentinus (100-160d.C.) o teólogo egípcio, apelidado heresiarca porque era líder do gnosticismo e alcançou grande número de seguidores. Foi condenado pelo Papa Calixto 1 (217-222). Contudo, Clemente da Alexandria (140-211) é considerado o “Pai do gnosticismo” dentro da Igreja e Orígenes (185-254) cuja formação foi baseada na tradição da filosofia grega, os que alavancaram o gnosticismo na Igreja Católica.
O gnosticismo cultiva o elitismo espiritual, dos mistérios e os conhecimentos de sociedades secretas, consideram as convenções culturais como formas decadentes de um mundo ilusório; são produtos de um demiurgo (um deus menos capaz), inebriado pela ideia de que é o único deus e todo poderoso, porém, não sabe que é uma emanação decadente de um plano transcendente. Wikipédia
O Esoterismo, é irmanado ao gnosticismo. É o conjunto de doutrinas, ou atitudes espirituais reservadas para ensinar a um grupo seleto, muito restrito, instruído e inteligente, escolhidos dentre os iniciados. Serão os depositários e transmissores para a próxima geração.
Essas doutrinas são um conjunto de sincretismos religiosos (misto de teses e ideias (ou ensinamentos religiosos de origens disparatadas e absurdas), e correntes filosóficas. O zoroastrismo ou mitraísmo ensina o espírito eterno “Ahura”, como uma entidade adaptada para corresponder a gnose no gnosticismo. A Ahura ou gnose só pode ocorrer e despertar no homem se ele se conhecer e descobrir-se por si mesmo.
Esse conjunto de movimentos religiosos dos primeiros séculos, introduzidos no cristianismo foi considerado místico e herético pela Igreja Católica. Os gnósticos e esotéricos creem na salvação pela gnose, isto é, através do conhecimento elevado de si mesmo.
O Apóstolo Paulo também os colocou como inimigos do Evangelho. Escrevendo a primeira carta a Timóteo, seu discípulo amado, Paulo o orientou: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, evitando as conversas vãs (sobre doutrinas gnósticas) e profanas e as oposições da falsamente chamada ciência (no grego: “pseudo gnose”. A qual, professando alguns, se desviaram da fé” (1 Timóteo 6:20-21)
É curioso e desperta questionamento, como os ateus podem ser contrários a toda e qualquer religião e sua sociedade se denominar: “Associação Brasileira de Ateus e Gnósticos” se o gnosticismo é uma ciência religiosa. Não é meu desejo polemizar e entrar numa apologia.
É só para pensar e descobrir por si mesmo a “gnose” ou o conhecimento da “aletheia”, (verdade). Deus, o verdadeiro detentor da sabedoria, nos ilumine e nos abençoe nesse desenvolvimento, a mim e aos leitores.
