Opinião

Adolpho Lutz

26/02/2016

Adolpho Lutz

Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)
Leondenis Vendramim é professor de Filosofia, Ética e História (Foto: Arquivo pessoal)

ARTIGO | Estamos em plena guerra contra o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, da febre amarela, da zika e da chikungunya, e da microcefalia. A Folha de S. Paulo mostra a preocupação na América do Sul e Caribe com maior número de casos e com a “perda da guerra” para o Aedes. Foi o Dr. Adolpho Lutz quem identificou o mosquito como transmissor do vírus causador dessas moléstias.
Friedrich Bernard Jacob Lutz, um famoso médico do exército suíço tinha um filho, também médico, por nome Gustav Lutz casado com Mathhilde Obertheuffer. Em 1850 Gustav Lutz veio morar no Brasil, onde nasceu, Adolpho no dia 18 de dezembro de 1855, quando milhares morriam de febre amarela, malária, peste bubônica e outras epidemias causadas pela insalubridade. A família mudou-se novamente para a Suíça em 1857. Adolpho era o terceiro dentre os nove irmãos e uma irmã. Casou-se com a enfermeira Amy Marie Gertrude Fowler com quem teve os filhos: Bertha Maria Júlia, nascida na Suíça, Gualter Adolpho, nascido no Brasil. Bertha tornou-se naturalista do Museu Nacional e seu irmão professor de Medicina Legal da Faculdade Nacional de Medicina. Adolpho Lutz foi um dos médicos, cientistas mais importantes no Brasil e no mundo, entretanto é um dos menos estudados, há poucos escritos sobre sua vida, suas pesquisas e escritos. Na comemoração do centenário do sanitarista, a Revista do Instituto Adolpho Lutz publicou artigos dos seus filhos Gualter e Bertha e de alguns cientistas sobre o Dr. Lutz.
Seguindo a tradição da família, formou-se médico pela Universidade de Berna e aos 26 anos de idade mudou-se para o Brasil, abrindo seu consultório em Limeira, Estado de S. Paulo, onde cuidava da população carente. Em 1881 conheceu Luiz Pasteur, o que o motivou nas suas pesquisas. Em 1885 foi trabalhar na Alemanha, especializou-se no tratamento de hanseníase (lepra) e outras enfermidades causadas por microrganismos com o renomado dermatologista Dr. Unna. Entre 1889 e 1892 morou no Havaí para ajudar a erradicar a lepra que matava grande parte da população havaiana nesse tempo.
De volta ao Brasil em 1893, assumiu a direção do recém-criado Instituto Bacteriológico do Estado de S. Paulo. Isto lhe foi muito valioso. Ele e outros médicos como Emílio Ribas, Oswaldo Cruz, Vital Brasil, dedicaram-se ao estudo de certas epidemias como a da febre amarela, peste bubônica, tifo, cólera, malária, tuberculose. Nas suas pesquisas, serviram eles mesmos de cobaias para comprovar que o mosquito Aedes Aegypti era o transmissor do vírus da dengue e da febre amarela. Ensinaram acabar com a água parada ou colocar querosene para matar as larvas, e a fumaça de pó de piretro para extingui-los.
No campo da veterinária estudou sobre a osteoporose dos equinos, plasmodiose (protozoário agente da malária) das vacas, parasitoses de animais silvestres e domésticos; descobriu em 1908 que a tuberculose bovina era transmissível às pessoas pelo consumo do leite. Essa descoberta causou-lhe grande contrariedade porque os médicos que defendiam os interesses econômicos dos pecuaristas criticaram-no veementemente. Esse dilema foi tão traumático para Lutz, que o sanitarista afastou-se dos seus trabalhos públicos. Mas foi devido às conclusões dos estudos de Lutz que hoje o leite é pasteurizado para o consumo popular.
Deixando o Instituto Bacteriológico em 1908 foi trabalhar no Instituto de Manguinhos, Rio de Janeiro, a convite de Oswaldo Cruz. Neste Instituto, já médico mais amadurecido e com larga bagagem de conhecimentos, serviu de arrimo para os médicos mais novos e recém-formados.
Adolpho Lutz continuou pesquisando e combatendo as epidemias dedicando-se ao Instituto Oswaldo Cruz auxiliando o governo até sua morte em 6 de outubro de 1940. Neste ano recebeu homenagem do governo paulista alterando o nome do Instituto Bacteriológico para Instituto Adolpho Lutz.
Sua beneficência no campo da veterinária foi tão extensa e marcante como no campo da medicina. Esses homens são dignos de nossa imitação, ainda que dentro de nossa esfera de ação e de cognição!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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