Marcel Capretz

A vitória começa agora, na execução do planejamento

O mês de dezembro é crucial e determinante para conhecermos os campeões da temporada seguinte. Execução do planejamento – que já deveria ter sido feito anteriormente e agora, de fato, sendo só executado – montagem de elenco, acordos para chegadas e saídas de jogadores, definição de staff, aparelhamento de departamentos, enfim, é neste período sem jogos que as vitórias começam a ser construídas.

E se ainda vivemos períodos insanos de trocas constante de treinadores, já dá para ver um entendimento maior dos clubes brasileiros de que competência e inteligência fora de campo aumentam as probabilidades de sucesso dentro de campo.

Listas de dispensas e caminhão de reforços não funcionam! Termos cunhados por dirigentes para mostrar ‘serviço’ a torcida, mas que na prática não aumentam as tais probabilidades de vitória, que já citei.

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Manutenção de uma base, de uma espinha dorsal, é fundamental. Independentemente de a temporada anterior ter sido boa ou ruim. Isso porque futebol é um jogo coletivo, em que quanto mais conhecimento um jogador tem do seu companheiro mais eles conseguem se entender, se entrosar e criar juntos coisas novas e melhores.

Não defendo aqui que elencos sejam imutáveis. O que sou contra é a simplória observação de que porque perdeu tudo neste ano deve-se fazer uma ‘limpa’ no elenco e começar do zero para a próxima temporada e, por outro lado, se houve títulos achar que saídas e até mesmo contratações não são necessárias.

E não se pode tirar da análise que o mercado brasileiro é exportador, Os melhores jogadores, sobretudo os mais jovens, são cobiçados e observados cada vez mais cedo. Mas até para vender dá para ter o ‘timing’ correto de ter o máximo de desempenho possível sem perder valiosos milhões de euros com uma negociação tardia.

A figura do executivo de futebol mais uma vez é crucial para o sucesso de toda essa engrenagem. Claro que o treinador deve ser ouvido. Entretanto não podemos esquecer que a média de um técnico no Brasil é de dois meses no cargo.

Como deixar o treinador liderar a formatação de um elenco se na sequência por algum motivo ele pode ser demitido ou pedir para sair?! O clube é que deve ser o responsável por, por exemplo, ter relatórios físicos e médicos de todo atleta para ter claro se é momento de negocia-lo ou mantê-lo para o próximo ano.

É o clube que deve mapear o mercado e buscar reforços que se encaixem financeira e esportivamente no projeto. Ficar refém de treinador, ou até mesmo de empresários, só fragiliza o clube. Terceirizar o planejamento ou simplesmente deixa-lo ao acaso não combina com troféu.

Marcel Capretz

Marcel Capretz é radialista e jornalista formado pela Universidade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero. [email protected] www.marcelcapretz.com

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