Rubinho de Souza

A turma da “Velha Guarda”

O termo “velha guarda” foi primeiramente usado pelos marinheiros novatos para fazer referência aos marinheiros mais antigos e experientes, no entanto, acabou se tornando expressão comum entre os mais jovens para se referir aos mais idosos e foi incorporado por estes que se orgulhavam em pertencer à velha guarda, tendo em vista a frouxidão do pessoal mais jovem.

O termo acabou migrando também para as empresas, onde os operários e trabalhadores daquela época, que ao se arvorarem de sua experiência pela antiguidade no emprego, ou porque eram os pioneiros e fundadores, diziam: – Nós somos da “velha guarda”.

Nas antigas rodas de choro ou de samba, por exemplo, o termo era muito comum, para se referir aos antigos compositores e cantores, tanto que – pela lógica – ao se tornar comum fazer referência aos mais velhos como pessoal da “velha guarda” acabou por surgir um movimento cultural brasileiro conhecidíssimo, que eclodiu em meados dos anos 60, que mesclava música, comportamento e moda e se auto denominava “Jovem Guarda” em contraponto com o pessoal da Velha Guarda.

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Um dia desses, em minha caminhada matinal que faço diariamente, acompanhando Luiz Quibao e Hélio “Cirista” comentávamos sobre os antigos moradores de Rafard, que já nos deixaram há muito e outros recentemente, como o sr. Bráulio “Baiano”.

Dizia eu, que o pessoal da velha guarda estão nos deixando, sem que possamos nos dar conta, num piscar de olhos estão partindo e seus descendentes inevitavelmente estarão ocupando os seus lugares, visto que muitos – dentre os quais me incluo – já são mais da velha do que da jovem guarda.

Ainda temos alguns antigos moradores – pessoas pelas quais temos grande consideração – que podem ser considerados legítimos representantes da chamada velha guarda da minha geração, entre outros que eventualmente possa ter esquecido de mencionar, temos os senhores: Gico Ferrari, Ouliver Groppo e Tide, Heitor Turolla, Rubens Rodrigues de Jesus, José Brossi, Nelson (Bem Polastri), Mau e Zé Moreira (leiteiro), Bego (Angelo), Queco (Francisco Tonin) e Zequinha Cerezer.

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A turma da “Velha Guarda” (Foto enviada pelo colunista)

Esses amigos, cujos nomes, me veio na mente são de uma geração que mesmo sem estudos, trabalhou duro para educar os filhos e dar-lhes a oportunidade de frequentar uma escola e de adquirir melhores, e mais conhecimentos do que eles próprios tiveram, que apesar de muitas vezes lhes faltar de tudo, nunca permitiu que faltasse o indispensável para sua família, nem que isso lhes custasse suor e lágrimas.

Uma geração, que sequer teve a oportunidade de aprender as primeiras letras, mas ensinou valores morais, amor, respeito ao próximo, e acima de tudo amor a DEUS, transmitindo bons ensinamentos aos filhos, através de bons exemplos, valorizando o pouco que possuíam, sem se sentirem frustradas com a falta das coisas consideradas supérfluas, pois trabalharam desde tenra idade e passaram aos filhos todo o conhecimento adquirido na dureza da vida, ensinando o valor das coisas, não o seu preço.

Todos, sem exceção, passaram por mil dificuldades, mas nunca desistiram, antes ensinaram seus filhos a persistir, com honestidade, dignidade e honra, e que depois de uma vida de sacrifícios e agruras vão embora com as mãos e testa enrugadas, mas com a cabeça erguida pelo sentimento de ter cumprido sua missão aqui na Terra.

Nossas homenagens aos que já se foram e a todos que representam essa geração e tem o privilégio de a ela pertencer.

Grato pela sua leitura e se Deus deixar, semana que vem eu volto. Abraço.logotipo do fundo do báu raffard

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