Reta decisiva da temporada e o Corinthians segue vivo em três competições – quartas de final da Libertadores e da Copa do Brasil e no pelotão de cima do Campeonato Brasileiro.
Isso parecia improvável pelo início de ano conturbado do clube: demissão do técnico Silvinho com apenas três (!) jogos do Paulistão e as naturais e esperadas dificuldades de adaptação do técnico português Vitor Pereira a todo contexto e cultura do futebol brasileiro.
E o ponto de virada partiu do próprio treinador: a partir do momento que ele teve flexibilidade para adaptar suas convicções e ideias as coisas começaram a fluir.
Exemplo: Vitor Pereira adora marcação em linha alta. Porém como fazer isso sem tempo para treinar, com muitas viagens, e entendendo que o elenco corintiano não tem nem atacantes e meias propensos a esse tipo de jogo e nem zagueiros rápidos e um goleiro que saiba fazer coberturas caso o adversário consiga sair jogando?! A própria agressiva transição defensiva tão característica do técnico português se torna inviável diante do caótico calendário e do perfil dos jogadores do Corinthians.
Como fazer Willian, Renato Augusto, Giuliano e até Róger Guedes pressionarem com rapidez o adversário logo após a perda da posse durante noventa minutos?
Atribuo a melhora corintiana a uma simplicidade maior nas ideias de jogo.
Porém isso não faz com que eu valide essa situação. Para triunfar no curto prazo no Brasil reconheço que se faz necessário esse ‘feijão com arroz’.
Só que ao longo dos anos isso tem tornado o futebol brasileiro atrasado, chato e desinteressante.
Se no mais alto nível o diferencial é a inovação, a intensidade e a agressividade com e sem a bola, aqui acabo de fazer um texto atribuindo a melhora de um dos clubes mais ricos do país a um jeito de jogar mais pragmático e menos elaborado.
Sei que não existe nem o certo e nem o errado no futebol. Há inúmeras maneiras de se conseguir a vitória.
Todavia, não enxergo que o nosso futebol esteja caminhando para a evolução e para a vanguarda.