Simplificar e resumir a complexidade do futebol é algo inevitável. Mas não necessariamente justo. Assim como condicionar a análise apenas pelo resultado. Claro que a vitória é o objetivo máximo de qualquer competição. Mas não é só quem fica campeão que trabalha bem. Reconhecer bons processos contextualizando qualidade do elenco, condições do clube, orçamento e etc é quase que uma obrigação.
A situação de Fábio Carille no Corinthians é a que mais me intriga neste momento. Ficou estampado na cara de todos recentemente que vale o resultado. E só. Se ganha, é exaltado o trabalho de continuidade, da linha de trabalho que vem desde Mano Menezes, passando por Tite em que a consistência defensiva é o que baliza todo o modelo. Se perde, a palavra retranca e tudo de pejorativo que ela carrega vem a tona.
O Corinthians tem a melhor defesa do Campeonato Brasileiro e isso não é fruto do acaso. Tem muito trabalho por trás dos poucos gols sofridos. A linha defensiva de quatro, nos moldes da escola italiana como o Corinthians faz, com coberturas em diagonais dificultando a chegada dos adversários, não aparece em campo da noite para o dia. Além de muito treino de campo é necessário fazer os jogadores entenderem e comprarem a ideia.
É claro que Fábio Carille tem dificuldades em organizações ofensivas e isso ficou gritante neste ano. No título Brasileiro de 2017, as presenças de Jô e Guilherme Arana geravam opções que a equipe atual não tem.
É nítido como a coordenação entre os meias e atacantes não está no seu potencial máximo e que o lado esquerdo é muito inoperante ofensivamente. Marcando a direita corintiana com Fágner e Pedinho o ataque do time perde a maior parte de sua força.
Não há trabalho perfeito e nem time imbatível. Mas não podemos condicionar uma linha de análise a cada vitoria e/ou a cada derrota. A consistência defensiva do Corinthians deve ser exaltada. Como as falhas ofensivas apontadas. Mas há uma intenção e uma ideia prévia no trabalho de Fábio Carille.
Gostando ou não ele entrega o que promete. O resultado em campo vai sair do equilíbrio entre os pontos fortes e os pontos fracos do trabalho.
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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