Um dos clichês que mais ficou arraigado no nosso futebol é “em time que está ganhando não se mexe”. Nada mais simplista e não correspondente com a realidade, em se tratando de algo tão complexo e imprevisível como o jogo de futebol.
O conceito de desconforto é pouco explorado em muitas equipes de alto rendimento. Se em vários aspectos de nossa vida sabemos e até aplicamos de maneira intencional uma saída da ‘zona de conforto’ ainda há barreiras para essa ideia no esporte.
Isso porque em casos de vitórias, seja de títulos ou até mesmo de alguns jogos, se cria internamente a ideia do ‘já está bom’. A ideia do ‘basta repetir que os mesmos resultados virão’. Ledo engano…
O ambiente e nossas interações com ele mudam a todo momento. No jogo, em que impera o caos, já que uma simples ação desencadeia uma serie de outras totalmente imprevisíveis, isso é ainda mais evidente.
E se tudo é novo e nenhuma jogada é igual, já que há inúmeras relações possíveis entre o jogador, a bola, o adversário, o espaço e o tempo, como cravar que “em time que está ganhando não se mexe”?
Dentro de um viés de complexidade, não falo aqui de escalação. Falo de ideias, criar novas situações com e sem a bola, desenvolver diferentes relações entre os jogadores…até porque tudo o que é repetido se torna fácil de ser anulado pelo oponente.
Essa pode ser a chave para muitos times que não entendem porque as vitórias não estão mais vindo, já que nada mudou. Justamente porque nada mudou, as vitórias do passado não foram transportadas para o presente.