Marcel Capretz

A pressão derruba a técnica

01/03/2017

A pressão derruba a técnica

marcel-capretzARTIGO | Já cansei de falar que nem sempre quem tem o melhor time vence no futebol. Como um jogo coletivo, o produto final vencedor vem de uma química entre os aspectos técnicos, táticos, físicos e emocionais. Essas quatro valências tem que estar combinadas. E uma não anula, muito menos substitui a outra. Por exemplo: ao fazer um drible, o jogador tem que ter a técnica apurada para realizar o movimento, o físico adequado para concretizar a finta, a inteligência tática de saber se naquele momento, o drible é a decisão mais correta e a confiança emocional para realizar tal jogada.
Faço essa abertura para analisar a fotografia atual de Santos e Palmeiras. Há pouco mais de um mês, eram apontados como as principais forças do Brasil – apontei e continuo apontando. Porém, a ambas as equipes, tem faltado a parte emocional. A confiança está abalada.
O Santos ficou três jogos sem vencer no Campeonato Paulista (!) e já se fez até reunião com torcedores organizados. Isso porque, o Peixe chegou nas últimas oito finais deste torneio. Estava claro que a questão psicológica estava pesando. A bola queimava no pé dos jogadores. Mesmo sem Lucas Lima, Renato, Gustavo Henrique e outros jogadores que estão fora, era possível apresentar um futebol de mais qualidade. Isso não aconteceu por conta da pressão. Jogador é humano e não robô. Ele sente o que está na atmosfera.
No Palmeiras, a expectativa criada é enorme. Os últimos dois anos de conquistas somados a contratações impactantes geraram no já acalorado torcedor palmeirense uma fome ainda maior por mais títulos. Soma-se a isso a desconfiança que muitos tem no bom técnico Eduardo Baptista. Quando perde, a pressão se torna enorme sempre com críticas vazias sobre o currículo dele. Ninguém quer saber sobre a nova metodologia que está sendo empregada; não veio o resultado? Bota pressão!
Times e técnicos pressionados e sem confiança tendem a apresentar um desempenho abaixo do que podem, invariavelmente culminando em um jogo mais feio, de baixa qualidade. É o que tem acontecido com Santos e Palmeiras neste início de ano. Com o emocional mais elevado, essas equipes cresceriam no técnico, no tático e no físico.

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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