Marcel Capretz

A política no futebol

08/02/2018

A política no futebol

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O futebol virou há muitos anos algo extremamente profissional. Inclusive aqui no Brasil, onde o empirismo, o amadorismo e o jeitinho sempre estiveram impregnados. E esse é o ponto: a indústria futebolística se agigantou, milhões de reais passaram a ser gerados, mas quem está no topo deste hierarquia continua sendo ‘não-profissional’. Faz sentido até o gandula ser remunerado e o presidente de um clube que fatura na casa dos milhões por ano ser amador?

Minha reflexão por conta do veto ao árbitro de vídeo no Campeonato Brasileiro, a constrangedora situação do presidente da CBF, Marco Polo Dl Nero, e as barbáries recentes nas eleições de Corinthians e Vasco partem desse pressuposto: por que o futebol brasileiro teima em se permitir ter um modelo arcaico de gestão e liderança? Isso é bom para quem? Até que ponto esses próprios senhores que teoricamente se beneficiam dessa estúpida manutenção do status quo estão realmente ‘aproveitando’ seus cargos já que Del Nero, por exemplo, não pode sair do país?

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A CBF rica e milionária não querer custear o árbitro de vídeo no próprio campeonato que ela organiza é um efeito. Urna nas eleições do Vasco ser fraudada é um efeito. Um presidente eleito num clube como o Corinthians ter que se esconder no banheiro feminino para não apanhar é um efeito. O presidente da maior instituição esportiva do Brasil não poder participar de uma reunião sequer fora do país é um efeito. A causa é a podridão gerencial que domina majoritariamente o comando do futebol brasileiro e se alastra para praticamente todos as suas ramificações – até parte das torcidas eu incluo nisso. Ou não há conivência com a violência que se alastrou nas últimas duas décadas?

Por serem associações sem fins lucrativos, por terem em seu mais alto poder figuras que juram amor ao clube, nas na prática mostram o contrário, os clubes abrigam (não todos e nem em todos os setores) o que há de pior em nosso país desde o Brasil-colônia.

Defendo a profissionalização. A transparência. A meritocracia. Ok, continuarei sonhando…quem sabe meu filho que nasceu em dezembro possa ver isso um dia reinando em nosso futebol…

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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