Neste sábado, 15 de maio, o jornal O Semanário comemora 30 anos de fundação. Quando circulou a primeira edição em Rafard, no dia 25 de maio de 1991, Túlio Ricardo Darros dos Santos era apenas uma criança com 4 anos de idade.
Hoje, aos 34 anos, ele é o diretor geral e proprietário do impresso, conquista que não veio fácil. Ela é fruto de uma trajetória que começou lá atrás, quando ele tinha apenas 7 anos de idade e já ajudava na distribuição do jornal na casa dos assinantes.
Nesta edição especial dos 30 anos, Túlio faz um relato da sua história de vida, descobertas, desafios e conquistas até os dias de hoje. Na história do menino entregador, que se tornou publicitário, jornalista e empresário, tem muito do Jornal O Semanário.
Uma história de vida entre as páginas do jornal
Túlio Darros é o proprietário e diretor do Jornal O Semanário desde 2010. São quase 11 anos à frente do único jornal impresso de Rafard. Uma história que começou bem lá atrás, quando ele ainda era só uma criança curiosa, que passava a maior parte do tempo livre na gráfica e na redação do jornal, empresa da família fundada há 30 anos por seu tio, o jornalista José Carlos Darros, mais conhecido como Zé Coquinho.
Com orgulho e sem expressar qualquer tipo de vergonha, Túlio conta que a primeira função no jornal foi ajudar na entrega do jornal na casa dos assinantes, uma de suas experiências mais marcantes na infância.
“Na minha infância, o que mais me marcou e me ensinou foi o prazer de poder entrar na casa das pessoas para entregar o jornal e ser recebido com muito carinho e muitas vezes com o convite para tomar um café. Eram muitas as amizades que a gente fazia”, recorda.
O menino foi crescendo, e na convivência ali na redação d’O Semanário, Túlio relata que, ainda adolescente, aprendeu sobre a importância da notícia e a força que o jornal tinha em poder ajudar as pessoas, de contar histórias e eternizá-las nas páginas do impresso.
O tempo foi passando, e a redação do jornal tinha se tornado a sua casa. Aquele menino ‘jornaleiro’ foi aprendendo um pouco de tudo, desde a lavar um banheiro, os processos de acabamento, a gravação das chapas para impressão e o serviço de office-boy.
Túlio relata que a produção de suas primeiras notícias, aconteceu nas coberturas dos campeonatos de futebol da antiga Sociedade Amigos de Rafard (SAR), hoje, Clube Social Esportivo Rafard (CSER). Nessa época, também fazia as fotos e escrevia as notícias, foi quando começou, na prática, sua formação de jornalista. Depois vieram os eventos sociais, políticos, acidentes e a cobertura de fatos do dia a dia da comunidade. Nesta fase, Túlio Darros já estava presente em tudo, e também se arriscava no comercial e no administrativo da empresa.
“Foram muitas histórias, algumas boas, outras ruins, mas o jornal O Semanário já era parte da minha vida. Ainda adolescente, realizei a cobertura de muitos acidentes, principalmente na Estrada da Laranja, no conhecido Trevo da Morte, ali presenciei cenas que me marcaram muito”, relembra.
Ainda com 18 anos e no início de sua formação de Publicidade e Propaganda, Túlio teve seu primeiro convite para se tornar um dos sócios do Semanário. Em 2005, seu tio Zé Coquinho formava sociedade do jornal com José Maria de Campos, também jornalista e publicitário.
Com o incentivo da família e da esposa Deise Campanholi, que na época ainda era namorada, ele decidiu seguir em frente e assumiu a parceria. Dois anos depois, em 2007, Zé Maria de Campos comprou a parte do jornal do seu tio Zé Coquinho. Túlio e Zé Maria de Campos seguiram juntos no que ele chama de “parceria de sucesso”.
Em 2010, Túlio assume a direção da empresa e compra a parte de Zé Maria de Campos. Tinha sido até ali uma trajetória cheia de desafios, mas que ele resistiu, e conseguiu chegar até aos dias de hoje, comemorando 30 anos de jornal impresso em Rafard.
“Quando tudo começou, lá no primeiro convite para ser sócio, o meu maior desafio e meu maior medo era provar para mim mesmo que eu seria capaz de conduzir uma sociedade com apenas 18 anos. Tudo o que passei ajudou a construir o meu caráter e história de vida”, diz Darros.
Túlio conta que quando as responsabilidades começaram a crescer, não foi fácil conciliar, ainda tão jovem, a liderança de uma empresa com os desafios da vida financeira. Ao contrário do que muitos imaginam, ele não herdou o jornal do tio, e quando ficou sócio pela primeira vez emprestou dinheiro no banco em nome da avó e foi devolvendo mês a mês.
“Na época eu também fazia faculdade, então o dinheiro dava basicamente para pagar a parcela do jornal e a mensalidade da faculdade. Em 2010, não foi diferente, me arrisquei novamente para seguir com o projeto. Graças a Deus e o apoio das pessoas que sempre estiveram do meu lado, deu tudo certo”, conta.
Sobre o futuro do jornal O Semanário, Túlio afirma que há sim novos projetos e sonhos, mas no atual cenário econômico marcado pelas incertezas, inclusive as que vieram com a pandemia da Covid-19, o momento é de cautela e trabalho com os pés no chão para manter vivo o projeto que chegou a três décadas.
“De momento, para comemorar essa data marcante, estamos lançando uma campanha de assinaturas que vai sortear um prêmio por semana até o fim do ano. Um livro contando a trajetória do jornal e os acontecimentos marcantes que viraram notícia é um dos projetos, quem sabe para um futuro próximo. Para hoje, o que tenho é gratidão e compromisso com a nossa missão de eternizar histórias, dando vez e voz à população”, revela.
O que fica e o que mudou
As novas tecnologias trouxeram mais facilidades para a produção de um jornal impresso. O projeto visual d’O Semanário, sempre bem acompanhado de bons conteúdos, é considerado um dos jornais impressos mais bonitos da região, evolução que se deu naturalmente com a adesão aos equipamentos técnicos e gráficos.
Muita coisa evoluiu para melhorar na produção de um jornal, mas há experiências que não voltam mais, elas se perderam com o tempo, e são aquelas que só se tem no contato com as pessoas.
“Ah, mudou demais. Como entregador, a distribuição era a pé ou de bicicleta. Existia contato com o assinante que esperava o jornal. A gente conhecia cada um, conversava, tomava um café. Hoje não existe mais esse contato entre entregador e assinante, é tudo muito mecânico e frio, sem dizer que o serviço é feito com motos”, registra Túlio em mais uma de suas saudosas recordações.
Do lado mais prático e com resultados positivos, ele conta que o que mais evolui foram os programas de diagramação. Antes, o serviço era feito no antigo programa PageMaker, que por várias vezes, no fim da edição, travava e perdia todo o trabalho.
“Aí era começar do zero e virar a madrugada para poder cumprir com o compromisso de levar o jornal na manhã seguinte para os leitores. Hoje utilizamos o programa licenciado da Adobe, InDesign, é tudo mais fácil”, detalha Darros.
Outra evolução foi a chegada da tecnologia para captação das imagens. “Antigamente precisava revelar e depois digitalizar as fotos, isso acabou com a chegada dos celulares e câmeras digitais. A evolução da tecnologia foi muito boa neste sentido”, explica o diretor do jornal.
Ao concluir esta parte da entrevista, Túlio lembra que acima de tudo, está a responsabilidade e a qualidade da informação. “As comunidades precisam estar informadas sobre os acontecimentos da sua cidade ou do seu bairro. Elas têm que ter a quem recorrer quando precisarem denunciar, elogiar ou criticar algo”.
Parceiros na vida e no jornal
Em todos esses anos à frente d’O Semanário, muitos foram os colaboradores, mas sem dúvida, há pessoas nesta trajetória que são especiais para o diretor e publicitário.
Túlio conta que o tio Zé Coquinho é uma delas, ele foi aquele ‘professor’ que o ensinou os primeiros passos para tocar em frente o projeto audacioso de um jornal impresso.
Teve também a influência do Zé Maria de Campos. O saudoso publicitário e ex-sócio do jornal veio de São Paulo para Rafard com uma vasta experiência sobre o que era o marketing nas grandes capitais.
Foi influenciado pelo trabalho de Zé Maria, que Túlio optou pela publicidade e propaganda.
“Ele tinha a cabeça muito à frente do nosso tempo. Fiquei apaixonado e parti para algo que viesse a complementar o que eu vinha aprendendo na faculdade da vida, que era o jornalismo. A escolha só veio para somar e fortalecer o jornal e a minha vida profissional”, reconhece.
Foi no período do Zé Maria que O Semanário aderiu à versão online, sendo um dos pioneiros na região a disponibilizar os conteúdos também na internet. Com mais de 15 anos na versão digital, o jornal tem cerca de 30 mil acessos mensais, uma média de mil pessoas consumindo conteúdo da região, todos os dias.
Entre essas pessoas especiais, uma delas ocupa hoje o topo da cadeira. Túlio Darros ressalta o papel fundamental de sua esposa, Deise Campanholi, que desde 2011, é a responsável pelo administrativo, comercial e toda a logística do jornal O Semanário.
“É ela quem se levanta de madrugada para contar os jornais, separar para os entregadores, levar para outras cidades e distribuir nas bancas e padarias. Ela é fotógrafa quando precisa, e ainda, compartilha as notícias no site e nas redes sociais. Por tudo isso, que registro minha homenagem a ela, que se tornou minha esposa e herdou comigo a missão de manter vivo o sonho de um jornal impresso em Rafard”, destaca o diretor do jornal.
Obrigado!
Na comemoração destes 30 anos, Túlio Darros reforça a importância de uma imprensa forte na cidade, que tenha condições e ferramentas para exercer o seu papel com profissionalismo.
“O jornal O Semanário resiste e persiste em manter viva essa história construída ao longo de tantos anos. Nossa conexão é pelas palavras e estaremos juntos, até quando pudermos”.
Ao fazer seu agradecimento a todos que passaram pelo jornal, Túlio faz questão de lembrar que tem muito orgulho da história do jornal e de todas as pessoas que já passaram pelo Semanário em todos estes anos.
“Cada um contribuiu com algo especial, desde os diretores, jornalistas, designers, fotógrafos, repórteres, impressores, entregadores, office boys, secretárias, vendedores, colunistas, enfim, a todos que ajudaram a construir esta história de 30 anos com a gente, o nosso abraço. Seria uma injustiça tentar nomear tantas pessoas que já passaram por aqui, e olha que foram muitos alunos”, encerra.