10/06/2016

A natureza revela a sua força

EDITORIAL | Às vezes é preciso casos extremos para que as pessoas se unam em favor daqueles que necessitam, como as famílias que tiveram suas casas totalmente comprometidas pela água do Rio Capivari. Roupas, calçados, alimentos, água, higiene pessoal, produtos de limpeza, cobertores, colchões, todo o tipo de ajuda pôde ser registrada durante a semana, onde as famílias tiveram de sair de suas casas apenas com a roupa do corpo.
Passados seis anos desde a última grande enchente na região, os temporais da última semana revelaram que ainda não temos estrutura para enfrentar chuvas fortes. Eles revelaram também a fragilidade das cidades perante o caos, mas, essa semana fatídica também revela outros dois importantes fatos, um positivo e outro negativo.
O positivo e admirável é a força da população que deixou claro a importância da união. Todos juntos, unidos em um único objetivo de ajudar ao próximo, conseguiram suprir as necessidades de mais de 400 famílias entre Rafard e Capivari, que necessitavam de uma mão amiga e, muito mais que isso, de ação, de mão na massa, de companheirismo, de irmandade.
Mas aí tem o outro lado da moeda, em meio a um voluntariado disposto a fazer o bem sem olhar a quem, surgem os ‘caroneiros políticos’ prontos a fazer a cabeça das vítimas dos alagamentos de degraus. Meia dúzia de figurinhas carimbadas que aparecem para sorrir para a foto e abraçar aquela gente que já tinha problemas de sobra. Qual a contribuição deles? Um tapinha nas costas, ou, talvez mais que isso, não vamos cair no erro do juízo de valores, pode até ser que eles tenham ajudado em alguma coisa, mas fazer dessa desgraça um circo para angariar votos? Ah, tudo nessa vida tem limite, até a falta de vergonha na cara. Atitudes como essas são mais sujas e nojentas que a própria água barrenta que invadiu as casas.
Elogios e críticas a parte, é importante ressaltar que mais do que ações efetivas de combate as enchentes nas cidades de Rafard e Capivari, é preciso políticas públicas de limpeza e conservação do leito do Rio Capivari, bem como a retirada das famílias das áreas de risco. Afinal, na maioria dos locais atingidos, não é o rio que invadiu as casas e sim as casas que invadiram o espaço do rio.
Que Deus abençoe a todos que contribuíram neste momento de dificuldade e que nunca desampare essas famílias. Fiquemos em alerta, pois a natureza, mais uma vez, mostrou a sua força e alertou que merece o devido respeito.