Morte, diz o dicionarista Aurélio, é o fim da vida, destruição, ruína. Os filósofos dizem que a morte dá o verdadeiro sentido da vida, por ser o seu acabador (Carlos L. Matos, Vocabulário Filosófico, p. 255). Uma ova! Nem os dicionaristas, nem os filósofos sabem sobre isso. Não sabem o que é a morte. Aqueles que morrem também não sabem nada desse violentíssimo “coice na testa”. Tomei esse petardo algumas vezes; a morte de meu pai, meu irmão foram doídas, mas quando perdi minha mãe senti-me sem chão, sem pernas. Até hoje, com meus quase 85 anos sinto a falta do seu amor, falta de ver aquela mulher tão linda, tão querida. Estou tentando explicar o inexplicável. Perdi neste domingo minha irmã “Tute” (Luísa) com quem desabafava minhas perdas, contava os meus sonhos com minha mãe.
Ela era uma enciclopédia de história, contava e repetia acontecimentos desde sua infância. Foi uma guerreira, ia às cidades comprar peças, e junto ao esposo consertava bicicletas. Sempre tinha um presentinho para os familiares aniversariantes. Crianças e juvenis choraram sua despedida. Muitas amigas se condoeram. Suas duas filhas, genros, netos e bisnetos ficaram arrasados. Ela era amada, muito querida!
Todas as irmãs e cunhadas foram assistidas nos partos por ela. Quando meus filhos nasceram, ao abrir os olhos viram suas faces. Quando eu estive só, em S. Vicente, lá estava a Tute, meu socorro, minha companhia. Sinto-me como alguém de quem foi tomado seu brinquedo predileto. Fiquei órfão de mãe duas vezes, pois ela era minha irmã, e também minha mãe, meu amor. Ninguém sabe o que é a morte, a não ser aqueles que realmente amam a pessoa que deixou de viver, pois saber é experimentar.
Eu posso defini-la: morte é a coisa mais brutal e estúpida que os vivos sofrem ao perder seus amados. É um inexprimível sentimento de perda, é o vazio que se procura preencher sem conseguir, é tatear numa densa escuridão em busca da pessoa amada consciente de que não a encontrará, não a ouvirá, nem a abraçará mais. É uma dor que esvai as forças físicas e deixa o corpo dorido.
Deus também sabe o que é esse sentimento de horror, “Deus sabe o que vai dentro d’alma,” pois Seu Filho amado morreu inocente, a morte mais cruel de todas, para Ele a morte é o salário, isto é, a consequência do pecado (1 Jo. 3:4). é o último inimigo a ser destruído quando Jesus voltar (1Cor. 15:26).
Jesus sabia que seu amigo Lázaro estava doente (João 11:3-4) e não foi curá-lo, dois dias depois Ele disse: “Lázaro está dormindo, mas vou acordá-lo” (11:11), como os discípulos não entenderam Ele foi mais claro: “Lázaro está morto” (11:14) e no verso 15 diz a razão: para que os discípulos e as irmãs do defunto crescem ser Ele a ressurreição e a vida daqueles que n’Ele crerem (11:25). Ao vê-las chorando, chorou também (11:35,38). Jesus sabia que ia ressuscitar Seu amigo, então, porque chorou? Naturalmente não foi por causa da morte de Seu amigo, mas foi devido à tristeza de quadros como esses tão sofridos por nós; foi para dar-nos a esperança de que um dia poderemos reencontrar essas pessoas que creram ser Ele o Salvador e Ressuscitador.
A morte é um sono, o morto fica inconsciente (Ecles 9:4-6) não sente, não vê, não tem amor, nem ódio, não participa em nada mais da vida dos vivos. O ser humano, ao morrer é um nada, como o animal morre e vai para baixo da terra, assim acontece com a pessoa que morre. Nada mais lógico. O homem fala, gesticula, sente, pensa, tem desejos através do sistema nervoso (órgãos do sentido, células nervosas, neurônios desfeitos no pó da terra).
É engano fatal consultar os mortos. Os demônios se passam pelos mortos (2 Cor. 11:13-15) e são eles os consultados, pois os mortos estão incomunicáveis. Deus lançará fora os que os consultam (Deut. 18:9-12).
Quando Jesus voltar com todos os Seus anjos ressuscitará aos que n’Ele creram como Salvador e guardaram os Seus mandamentos (1 Tes. 4:16-17) com o corpo incorruptível, rejuvenescido, imortal, glorioso 1 Cor 15:51-55. A triste notícia é que muitos ressuscitarão para pagar o mal cometido pelos quais não se arrependeram (João 5:27-28).
A tristeza é motivada unicamente pela nossa separação de quem amamos. A volta de Jesus será um festival de reencontros muito felizes. Aguardemos e preparemo-nos!