Os jogadores serão sempre os atores principais nesse espetáculo chamado futebol. Eles tomam decisões em micro segundos. Eles abrem mão de prazeres momentâneos em nome de uma forma física cada vez mais exigente e necessária para a alta performance. Eles, profissionais e assalariados, comemoram quando marcam um gol – você abraça seus colegas de empresa quando faz algo bem feito? Pois é…
Porém, cada vez mais esses atletas são dependentes de outras pessoas. O sucesso de uma equipe dentro de campo é fruto, é produto, de tudo o que acontece em seu entorno. Massagistas, roupeiros, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, enfim, cada célula do clube tem sua parcela de responsabilidade no resultado final. E diante disso será cada vez mais raro um clube “bagunçado” conquistar troféus.
No mundo corporativo usa-se muito o termo ‘cultura organizacional’. Com tristeza, constato que não dá pra importar em cem por cento essa ideia para o futebol. Isso porque, principalmente aqui no Brasil, os clubes são estritamente políticos. Entretanto, quando há uma cultura, embalada por uma mentalidade, focada em vitória, em sucesso e em soluções, o trabalho dos jogadores dentro das quatro linhas fica facilitado.
E estou citando muito os atletas, mas tudo isso vale também para os treinadores. No caótico futebol brasileiro, o técnico de sucesso muitas vezes não é o que tem mais conhecimentos táticos e metodológicos. E sim aquele que entende mais rapidamente essa ‘cultura’ e sabe tirar o melhor da estrutura já existente. Um entendimento global do contexto e a habilidade em fazer todos caminharem para o mesmo lado pode dar um resultado mais rápido e eficaz do que grandes mudanças táticas.
O torcedor sempre tem seu olhar voltado para as quatro linhas, e é inegável que o mais apaixonante é o que acontece no campo. Mas para cobrar resultados vale uma visão mais global e sistêmica. Insisto que o jogador é a peça mais importante. Mas ele está inserido em uma engrenagem maior. Tem muita gente trabalhando para que um chute seja convertido em gol.
Então, quando a bola entra o mérito não é só daquele protagonista. Para o inverso, quando a bola sai, o demérito também não de apenas uma pessoa. Por uma visão mais coletiva…podem jogar só onze. Mas tem muita gente envolvida nesse esporte tão incrível…
ARTIGO escrito por Marcel Capretz
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