Rubinho de Souza

A César o que é de César

Hoje quero fazer uma homenagem a um ser humano ímpar que obedecendo os desígnios do nosso Pai Eterno, não está mais entre nós, no entanto, sua trajetória na vida terrena foi uma missão, como ele sempre gostava de dizer – que todos nós viemos aqui para cumprir uma missão, e sempre concordei com ele, pois tenho a mesma linha de filosofia de vida.

Formado em Farmácia – quando ainda se escrevia com “Ph” – César Aprilante sempre foi um homem muito ligado às causas sociais, tanto que, ao ser informado sobre as ideias emancipacionistas através do seu cunhado Genaro Vigorito e da sua irmão Benedita, foi um dos primeiros a encampar a luta pela emancipação e um dos principais homens da linha de frente da Comissão formada para esse desiderato.

Era César quem escriturava as doações feitas pelos membros da Comissão e pelos moradores da então Villa Raffard para fazer frente às despesas que as constantes viagens que se fazia à Brasília, para as tratativas no Congresso Nacional, demandava.

Todos integrantes da Comissão ou não, tiravam dinheiro do bolso para as necessárias doações e César era um dos mais assíduos doadores, como se pode constatar no Livro de Ouro, cujo documento original e autêntico está de posse do Dr. Armando Garcia Jr. o qual recebeu de herança de seu pai, que diga-se, entre outros rafardenses altruístas, também muito contribuiu para a emancipação com suas ações e contribuições.

Contudo, quero homenagear o lado humano de César (na foto com sua esposa Dona Odete), que apesar de sua invejável inteligência, integridade e honradez, sempre foi um homem simples, de um coração voltado em ajudar o seu semelhante, independente de quem fosse. Com as crianças então, seu desejo em agradar e vê-las feliz era ainda maior. Dava atenção à qualquer criança que o procurasse, precisando de alguma coisa. Sua casa era muito visitada na passagem de ano, para desejar o “bom dia, bom ano” e ganhar uns trocados…

Cesar Aprilante
Cesar Aprilante

Não esqueço das viagens que fiz com ele, quando eu menino, acompanhando meu pai que sempre era o convidado de honra para a primeira viagem quando César trocava sua condução – quase sempre uma caminhonete – e íamos a algum sítio ou fazenda daqui da nossa região e ele levava um saco de balas e pirulitos e outras guloseimas para distribuir para a criançada e fazer a alegria dos mesmos.

Na verdade, César mais parecia um moleque no meio da criançada, rindo e distribuindo os doces. Depois que pegávamos o caminho de volta, dizia ele ao meu pai: – Ver o sorriso no rosto de uma criança não tem dinheiro que pague! Meu pai fazia isso e agora deixou a missão para mim, acrescentava…

É claro que eu também participava da festa, pois recebia alguns doces também, e tudo isso ficou tão marcado na minha vida, que passados tantos anos, quando posso, continuo parte da “missão” de César repetindo o gesto dele, como fiz há algum tempo no bairro Sete Fogões. E César tinha razão, não dinheiro que pague ver o sorriso estampado no rostinho de uma criança.

É bíblico: “O que a mão direita dá, a esquerda não saiba” – mas posso contar aquilo que fiz – sem receio da pena – pois essa “missão” não é minha, é do meu irmão César. Eu apenas estou dando continuidade ao seu gesto, o qual me ensinou através de seu belo exemplo de vida.logo do fundo do baú raffard

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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