O termo “apócrifo“, recebido do grego, significa longe de ser escrita, ou oculto refere-se aos livros não reconhecidos pelo cânon, são: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, os capítulos 13 e 14 de Daniel e 15 de Ester. Jerônimo, tradutor da Septuaginta, esclareceu, até o capítulo 12 seguiu o texto de Daniel, mas o 13 e 14 foram tirados de Teodocião. (Bíblia Edição Claretiana, p. 1230).
A estes livros os católicos chamam “Deuterocanônicos” (segundo o cânon), canonizados pela igreja, porém não pelos apóstolos e profetas.
Eruditos mostram que Tobias não é o autor desse livro, Macabeus não foi inspirado divinamente. No epílogo de 2 Macabeus, 15:38-39, escreveu: “…finalizarei aqui minha narração, se ela está felizmente concebida e ordenada, era este o meu desejo, se ela está imperfeita e medíocre, é que não pude fazer melhor”.
Toda Escritura Bíblica é inspirada por Deus e escrita pelos homens Deus, inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1:20-21), não pode haver imperfeição.
Lutero foi o primeiro a chamar tais livros de apócrifos por ser de autoria desconhecida e não citados pelos escritores dos 66 livros canônicos.
O historiador e arqueólogo Prof. Rodrigo Silva, citado por Leandro Quadros, diz em seu livro “A Bíblia de Alef a Ômega” que católicos de destaque como João Damasceno, Papa Gregório Magno, Walafrid e outros rejeitaram esses livros como inspirados, o próprio Jerônimo os tinha como não canônicos.
Em 1540 Andreas Carltadt, ao estudar o prólogo de Jerônimo afirmou que esses livros apócrifos deveriam ser banidos da Bíblia. (De Canonics Scripturis Libellus) Em 1546, o Concílio de Trento canonizou esses livros fazendo-os constar das Bíblias aprovadas pelo Papa.
O Cardeal Caetano, opositor ferrenho de Lutero declarou que esses livros apócrifos não foram inspirados e muito menos canonizados e não os incluiu no seu comentário do Antigo Testamento. (ver Post de Leandro Quadros: Série Catolicismo: livros Apócrifos). Nunca foram mencionados por Jesus, nem por seus discípulos, apesar de terem citado os demais.
Há vários outros livros apócrifos, também conhecidos como pseudocanônicos, além dos 7 livros constantes nas Bíblias católicas.
Um dos mais famosos é o Evangelho de Tomé, relata: ao atravessar uma aldeia, um menino correndo esbarra no ombro de Jesus e Jesus fala: não continuará sua carreira, imediatamente o menino caiu morto.
Seus pais reclamaram com S. José, que repreendeu Jesus e logo Ele feriu de cegueira os reclamadores. Relato este, contrário às declarações de Cristo na cruz, orando a Deus para que perdoasse Seus algozes “porque não sabem o que fazem”. (Lc 23:34).
Esses não foram aceitos pelo cânon Católico, não constam nas traduções Bíblicas católicas.
O livro de Tobias, 12:9 tem erro teológico crasso ao explicar que “a esmola livra da morte, apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia”, está em desacordo com a Palavra de Deus. (ver At. 16:31).
Traz o relato de feitiçaria e mentira do anjo de Deus. O anjo Rafael aparece a Tobias, mente que é israelita chamado Azarias, filho de Ananias, à procura de trabalho; orienta-o a casar-se com uma viúva de sete maridos, ainda virgem.
Ensinou-o a pegar um enorme peixe, que ameaçava devorá-lo, pelas guelras, tirar-lhe o fígado, o coração e o fel, queimar o coração e o fígado, pois a fumaça espantava o demônio, então, esfregar o já escurecido fel nos olhos de seu pai, também Tobias, cego, para curá-lo.
O anjo Lúcifer é o pai da mentira (João 8:44). Um anjo da parte de Deus jamais ensinaria a prática de feitiçaria – ver Ap. 21:8 e Ap. 22:15.
Em Judite 8:4-6 há um exagerado relato de uma mulher riquíssima que jejuou 3 anos e meio, todos os dias, menos aos sábados, nos dias de lua nova e de festas israelitas.
No mesmo livro, 9:2, fala que Deus deu a espada a Simeão para se vingar dos homens que violaram a sua irmã virgem, o que contraria a Bíblia (Gn 34:30 e 49:5-7): inspirado por Deus, Jacó, pai de Simeão e Levi disse que eles usaram a espada com violência, matando os homens e cortaram os nervos dos pés dos bois.
E mais: “maldita seja a sua cólera, porque foi violenta, maldito o seu furor, porque foi cruel. Eu os dispersarei…” (Gn. 49: 5-7 – Edição Claretiana)
Tenho e consulto as traduções Claretiana da Editora Ave Maria e a Catholic Press, aprovada pelo “Imprimatur”, traduzida pelo Pe. Antônio P. Figueiredo, pois, os tradutores das edições católicas são exímios conhecedores e de plena lealdade no seu trabalho para trazer a lume suas obras, porém, assim como o Padre Jerônimo, o Papa Gregório Magno e outros não criam serem os livros apócrifos inspirados, também não cremos. Contudo os temos como preciosos pelo valor histórico e literário.