Leondenis Vendramim

Mansidão

No Curso de Medicina, o professor dirigiu-se ao aluno e perguntou: “Quantos rins nós temos?” “Quatro!” respondeu o aluno. Replicou o professor arrogante, daqueles que sentem prazer em gozar com os erros dos alunos: “_Traga um fardo de palha, pois temos um burro na sala”, ordenou o professor ao seu auxiliar. “E para mim um cafezinho!” pediu o aluno.

O professor ficou furioso e expulsou-o da sala. O aluno era Aparício Torelly Aporelly (1895-1971), o ‘Barão de Itararé’. Ao sair, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o irritado mestre: “O senhor me perguntou quantos rins ‘nós temos’. ‘nós’ temos quatro: dois meus e dois seus. ‘Nós’ é uma expressão usada para o plural.

Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.” Salomão disse: “Diante da honra vai a humildade”. (Prov.15:33) O professor não precisava perder a honra do magister dix, nem sua dignidade, cultivasse um pouco de mansidão e consideração ao próximo. Pessoas há, que por terem um pouco a mais de conhecimento acham-se no direito de subestimar os outros… E haja capim!

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Mansidão é a virtude que caracteriza uma pessoa pacata, pacífica e calma. Você conhece alguém com esse temperamento? Que acalma os tumultos, tranquiliza o ambiente febril, atende a todos com sorriso. É uma pessoa de convívio agradabilíssimo. Tal pessoa grangeia cada vez mais amigos.

“É melhor morar numa terra deserta do que com uma mulher rixosa e iracunda”. (Prov. 21:19) E pensem bem os jovens, porque foi o sábio Salomão quem os alertou, e por várias vezes. (Prov. 21:9; 21:19; 25:24…) Creio que o mesmo conselho é valioso para ambos os sexos.

Observem como o(a) pretendente trata aos seus pais e seus irmãos, porque será pior quando assumir as rédeas sobre você e sobre a família. Não assusta a enormidade e crescente número de violências domésticas, divórcios e feminicídios? É melhor escutar, não só ouvir os conselhos dos pais já experimentados, e auscultar o coração deles. Os pais sempre têm conselhos de amor, visando o bem dos filhos. Prevenir é melhor do que remediar, diz um antigo e proveitoso provérbio. 22

Gosto do exemplo de José. Comprometido a casar-se com Maria, soube que ela estava grávida, sem que ele tivesse tido relação sexual anterior com ela. Havia para este caso uma só sentença: a morte por apedrejamento. José teve um caráter qualificado pela mansidão; não a condenou, nem a delatou, até que ouviu do Espírito Santo, e creu, que ela engravidou sobrenaturalmente.

Os mansos sempre têm maior recompensa. Hoje seu nome é citado mundialmente como pai do Salvador Jesus, o Cristo, embora não biológico. Com certeza, sua recompensa maior será a sua ressurreição e vida eterna, quando Jesus voltar.

Cabe aqui um lembrete; mansidão não é aceitar o erro da pessoa com quem convivemos, muito menos silenciar-se diante de suas repetidas corrupções. Ser manso não implica em ocultar, ou compartilhar de tais atitudes. A respeito de Moisés é dito que ele foi o homem mais manso do que todos os homens da Terra. (Núm. 12:3) Porém nunca aceitou as atitudes errôneas de seus seguidores.

Quando os israelitas, no deserto, acamparam ao pé do Sinai, Moisés subiu ao monte e recebeu as tábuas com os dez mandamentos das mãos de Deus. Foi-lhe dito pelo Senhor que o povo tinha transgredido a lei (que já conheciam) adorando o bezerro de ouro, o deus Ápis, filho da deusa Hator, deusa egípcia da fertilidade. Ao descer, Moisés, arrojou as pedras ao chão, demonstrando sua contrariedade pela idolatria do povo.

Queimou o bezerro, esmiuçou-o tornando em pó, lançou na água, deu-o a beber ao povo. Repreendeu a Arão e mandou os levitas matarem os idólatras. Moisés amou o seu povo, intercedeu por ele junto a Deus, solicitou que fosse alijado do rol dos salvos, caso não os perdoasse; colocou-se como sacrifício pelo povo. (Êxo. 32:1-35)
Jesus o exemplo vivo de mansidão orientou os discípulos, e a nós também: “… aprendei de mim que sou manso e humilde coração, e achareis descanso para vossa alma” (Mat. 11:29) Embora fosse ainda mais manso do que o próprio Moisés, amou aqueles a quem veio salvar, deu a vida pelos pecadores, mas nunca deixou de repreendê-los.

Como foi o caso de Maria de Magdala, pega em adultério, não encobriu seu erro, mas não a condenou: aos escribas e fariseus que a trouxeram a fim de ser sentenciada, escreveu na areia os pecados de cada um e disse: “Aquele que não tem pecado atire a primeira pedra”.

E à mulher, “Nem tão pouco Eu te condeno, vai e não peques mais.” (João 8: 10-11) Em seus ensinos à multidão, entre os quais, estavam fariseus e escribas (líderes religiosos dos judeus) Jesus censurou: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas porque limpais o exterior do copo e do prato, mas no interior estão cheios de rapinas e intemperança; porque são como sepulcros caiados, por fora parecem a todos formosos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia!” E assim procedeu em sua crítica aos pretensiosos e orgulhosos mestres religiosos, em nenhum momento mostrou-se neutro. (ver Mat. 23:1-36)

Aliás, o que tem a ganhar o turbulento, exasperado e briguento? Até sua fisionomia torna-se enfeada. Mas os mansos são mais sadios, mais belos e envelhecem tardiamente! “Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra”. (Mat. 5:5)

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