Leondenis Vendramim

Amor e ciúme

Segundo o dicionarista Aurélio Buarque de H. Ferreira ciúme é um sentimento doloroso que exige de alguém pretendido, é um desejo de posse, de senhorio da outra pessoa; é o sentimento de perda de outrem, ou de algo; é a suspeita, ou certeza de sua infidelidade.

Irineu de Lyon, Doutor da Igreja (130-202 d.C.) em seu livro “Contra Heresias) escreveu contra o Gnosticismo, uma das crenças gnósticas e por eles ensinada que o primeiro anjo não tinha esposa e por isso uniu-se com Audácia. Com ela teve quatro filhos: Cácia, a imoralidade, Zelo, o entusiasmo, Erínia, a fúria, o ciúme e Epitimia, a luxúria.

Na mitologia grega Phthónos, em grego (, ciúme) é o deus do ciúme, da inveja e da cobiça. Ftónos é muitas vezes ligado, e mesmo, confundido com a deusa Éris, a deusa do caos, da intriga, da fofoca e da discórdia porque abusa da inveja e do ciúme para causar problemas e contendas entre as pessoas.

Há uma lenda na mitologia grega, e reescrita em romance amoroso entre Jacinto e Apolo. Jacinto era um jovem muito lindo, amante do deus Apolo.

Numa tarde estavam brincando com um disco bumerangue e Zéfiro, o deus do vento, que também o desejava, ao ver aquela cena de felicidade, ficou com muito ciúme.

Pretendendo acabar com a felicidade deles, soprou uma rajada de vento muito forte no disco e feriu violentamente o rosto de Jacinto.

Jacinto morreu nos braços de Apolo e do seu sangue nascem, a cada primavera, as lindas flores em forma de lírio, mais brilhante do que a púrpura, e em suas pétalas traz as interjeições de dor.

O mito é mencionado pelo escritor português Eça de Queirós (1845- 1900) (Revista de Letras. Vitória da Conquista. Alana de Oliveira de Freitas)

Assim como Zéfiro, o deus do vento matou por amor e ciúme, é comum ouvirmos o lamento de pessoas homens e mulheres, que dizem ter matado por amor ou por ciúme. Será que o amor mata? E o ciúme?

Como visto, o ciúme é um sentimento possessivo, não admite perda do objeto ou da pessoa que pretende ter a posse. É um sentimento doentio que ultrapassa os limites do bom senso e da razão.

O ciúme ou a inveja é cego, egocêntrico, não respeita os direitos da pessoa “possuída”, é um fogo de palha, que arde rapidamente, destrói os sentimentos alheios e logo se extingue deixando a dor e a amargura para os oprimidos por ele (a).

Há vários casos em que mulheres matam os filhos do amante por “amor”, na verdade por ciúme. E há casos diários de feminicídios por companheiros ou esposos assassinos devido a emoção passional.

O cantor Lindomar Castilho matou a esposa Eliane Grammont de 25 anos, também cantora, por ciúme em 30 de março de 1981.

Luís Eduardo matou a esposa Flávia de Souza por amor uma semana depois de trocas de juras de amor. Há muitos que justificam o crime baseado no amor.

Repito: o amor permite-se matar a pessoa amada? O que é amor?

Diz o dicionarista acima: amor é um sentimento que predispõe a pessoa a desejar o bem de outrem, ou de um animal; é a dedicação absoluta de um ser a outro; uma devoção, um culto a Deus; afeição familiar; muito cuidado e carinho por outrem, um apego forte por alguém, ou por alguma coisa preciosa.

Em todos esses sinônimos, não podemos constatar dúvida, o amor não deixa abertura para a prática do mal à pessoa amada.

Na Universidade Adventista em S. Paulo havia um aluno chamado José que amava uma jovem muito bonita, Helena (nomes fictícios) mas que não tinha dinheiro para pagar o curso e o internato.

Ele trabalhava muito nas férias vendendo livros e pagava o estipêndio dos dois, sem ela saber quem era seu benfeitor, pois ela havia rejeitado seu pedido de namoro.

No último ano, ela teve novamente o auxílio, mas o rapaz não alcançou o valor para as suas despesas e ficou sem se matricular no ano de sua formatura.

Ela namorou outro, mas não teve bom êxito. Só quando ela já havia tido um mês de estudo do último ano ficou sabendo que aquele moço havia pago todos os seus estudos e deixou de se formar para que ela pudesse concluir os seus estudos.

Foi então que ela resolveu casar-se com aquele que realmente a amava, apesar de não o achar bonito.

S. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo diz que amor é paciente, benigno, não arde em ciúme, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca seus interesses, mas do outro, não se exaspera, não se ressente do mal, regozija-se com a verdade, espera, crê, é duradouro. (1 Cor. 13: 4-8)

José, casou com Maria. Ficou sabendo que ela estava grávida, mas não dele. A pena na época era o apedrejamento até a morte.

Por amor à Maria, que supunha tê-lo traído, resolveu deixá-la sem denunciá-la. Por amor, ele a protegeu. O amor não é vingativo, não é efêmero como a flor do cacto, mas é duradouro, é protetor e não se ressente do mal, “tudo sofre, tudo suporta.” (1Cor. 13:7)

Jovens, fujam dos parceiros apaixonados e enciumados e estejam atentos aos que de fato os ama.

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