Rubinho de Souza

O Dia do Trabalhador nos tempos de Villa Raffard

O Dia 1º de maio – feriado que caiu na segunda-feira passada, em que se comemora o Dia do Trabalhador e seus direitos conquistados ao longo de muitos anos e muita luta, é celebrado praticamente no mundo todo.

No Brasil, as comemorações do 1º de maio tiveram início após a República ser proclamada e instituída, quando ainda acontecia um processo acentuado do desenvolvimento da indústria nacional, e começava os movimentos organizados de trabalhadores, sobretudo em São Paulo e no Rio de janeiro.

Em 1924, o então Presidente da República, Arthur Bernardes, decretou o dia 1º de maio como Dia do Trabalhador, passando dessa forma a ser feriado nacional em comemoração às conquistas da classe trabalhadora.

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Feito o registro histórico do primeiro de maio, vamos relatar especificamente as comemorações que aconteciam nesse dia em Villa Raffard, quando os franceses administravam a Société de Sucreries Brésiliennes, tempo em que os operários da usina, assim como os moradores daqui de um modo geral, tinham festa o dia todo.

Os festejos do Dia do Trabalhador nessa época, começavam logo pela manhã, antes do nascer do sol, com o povo sendo acordado ao toque “Alvorada” executado pela fanfarra de Allan Rollin Barbosa que percorria as ruas e descia em direção à Maurice Allain e ao campo do RCA.

O Dia do Trabalhador nos tempos de Villa Raffard
O Dia do Trabalhador
nos tempos de Villa Raffard

Ao ouvir o clarim do cabo Allan, iam levantando e saíam às ruas, acompanhando os integrantes da fanfarra, que numa marcha sincronizada, desfilavam enchendo os pais e avós de muito orgulho, ao ponto de alguns deles, tomados pela emoção, percorrer praticamente todo o trajeto até chegar ao RCA, palco onde se iniciaria as festividades daquele dia.

Além do toque Alvorada, a fanfarra, à medida que percorria as ruas de Vila Raffard, ia executando outras marchas, sempre sob a batuta daquele senhor de pernas arqueadas, uniforme de escoteiro e boina, sempre exigente quanto à disciplina e sincronia dos passos ao marchar dos seus comandados. O respeito pelo nosso líder era tal que nos fazia tremer quando ele nos olhava, mesmo de longe, conferindo o alinhamento das filas de escoteiros.

As festividades movimentavam o povo e duravam o dia todo, iniciando com jogos de futebol, gincanas, brincadeiras para as crianças que tinham que disputar corrida com os pés dentro de um saco ou com ovo na colher entre outras. Mas, a atração que mais divertia o povo, era ver quem conseguia pegar o porco solto no campo do RCA, que antes era lambuzado de graxa, cujo prêmio era o próprio animal que o vencedor levava para casa.

Na Maurice Allain, os moradores daqui e até mesmo de outras cidades, e ainda os operários que moravam nas fazendas administradas pelos franceses, lotavam a rua principal para participar das corridas, pois os franceses eram grandes incentivadores da prática de esportes e disponibilizavam transportes suficientes para que todos pudessem participar dos eventos, cujos vencedores e participantes eram premiados pelos diretores da usina.

No campo do RCA, além de várias disputas de times de futebol locais e da região, que duravam o dia todo, tínhamos outras disputas para descontrair o povo, que era o jogo de futebol dos “gordos contra os magros” ou ainda de homens trajando vestidos de mulher.

Infelizmente hoje temos poucas pessoas que vivenciaram e participaram ativamente dessa época e dos eventos, que nos trazem detalhes desses grandes acontecimentos que eram as comemorações dos feriados de Primeiro de maio em nossa querida Raffard.

Não há dúvida que essa foi uma época de ouro, e aqueles que tiveram o privilégio de viver esse tempo, hoje relembram com saudades de tudo isso, pois esses dias ficarão para sempre guardados em suas memórias, como um filme que se assistiu e não se cansa de recordar, que se guarda a sete chaves num local secreto de suas memórias, de um tempo de ouro de suas vidas!logo do fundo do baú raffard

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