Rubinho de Souza

Padre Renato

O poeta, escritor e historiador Silveira Rocha, de quem se dispensa comentar como rafardense de primeira hora que foi por sua dedicação ao resgate histórico de nossa cidade, desde os primórdios, no tempo em que Rafard era apenas uma Villa do Henrique Raffard, deixou registrado entre muitos fatos e acontecimentos, a inauguração do cemitério São Judas Tadeu.

Ele deixou registrado em seu livro “Vida Social e política de Rafard”, que após a elevação da Vila Raffard à categoria de Distrito, que se deu em 02 de agosto de 1930, foi preconizado pelas autoridades capivarianas, a necessidade de um cemitério local.

O terreno, a bem da verdade, fora doado pela “Société Sucreries Brésiliennes” à Prefeitura de Capivari, cuja escritura somente foi outorgada em março de 1959, ou seja 29 anos depois da doação. O motivo talvez seja a insatisfação das autoridades de Capivari com os movimentos emancipacionistas que eclodiram naquela época.

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O prefeito da época, o Sr. Alfredo Amaral, garantiu que o primeiro sepultamento, teria suas exéquias e um túmulo condigno, no qual seria artisticamente gravada a data do feito, às expensas da Prefeitura de Capivari, que arcaria com o ônus.

Coroinhas Padre Renato
Coroinhas Padre Renato

O primeiro a ter seu corpinho sepultado no campo santo, foi um menino de humilde origem – de nome Lázaro Correia, que morrera vítima de broncopneumonia, com apenas 20 meses de idade, mas que infelizmente foi enterrado às pressas e não houve túmulo inaugural, nem mesmo uma placa com seu nome e data de seu nascimento e morte.

O pequeno Lázaro que segundo o desejo do Prefeito, haveria de repousar em jazigo comemorativo por ter sido o primeiro para que ficasse registrado nos escritos históricos de Raffard, infelizmente, a promessa acabou não sendo cumprida, e o pequeno que poderia passar para a história de nossa cidade, quedou-se no esquecimento, mas foi lembrado no livro de Silveira Rocha, e hoje é relembrado nesta coluna.

Quanto ao título que dei a este relato, comentavam os mais antigos quando eu era apenas um moleque que ficava de ouvidos atentos a tudo, que certo dia, o padre Renato Luchi (na foto – na primeira fileira, o menino do meio), ao fazer uma visita ao cemitério de nossa cidade, avistou uma flor, ainda muito tenra, que nascera em um túmulo, onde jazia um corpo na terra, e ele, numa inspiração momentânea, fez um pequeno poema, no qual disse estas palavras:

Pobre flor que mal nasceste,
Fatal foi a tua sorte,
O primeiro passo que deste
Foste encontrar com a morte.
Deixar-te é coisa triste,
Cortar-te? É coisa forte!
Pois deixar-te com vida,
É deixar-te com a morte.logo do fundo do baú raffard

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