Poesias

Balada triste do boia fria

Por Dario Bicudo Piai, engenheiro e perito judicial

Triste poema, cheiro de morte
do aventureiro, do cortador
vida inteira lançada na sorte
gemidos doridos no peito
aguerrido da fome e da dor
espadas que devastam campos
campos que produzem flor.

Ó porta-estandarte, de olhar triste
cansado, cismático e cabisbaixo
marchando por trilhos fumarentos
ó guerreiro, das noites luzidias
levando suas mágoas e lamentos
sóis inclementes, sem alegrias
ásperas mãos, negras as peles
caladas figuras dos boias frias!…

Homens, mulheres e crianças
exangues, sem cor, sem alento
muitos choros, um só lamento
carvão ardendo em brasas,
brasas ardendo no peito.
Trabalhar, trabalhar, trabalhar …
lassas noites, fatigados seus dias
outonos, invernos, estações sem fim
mantos verdes, esperanças vazias
preces, gritos, patrões enfurecidos
imprecações: cada grito um pranto
cada pranto, um clamor
escutai, ó Deus, minhas preces
meus gemidos de raiva
meus cantos de dor!…

Observação: 2º lugar no XVIII PRÊMIO MOUTONNÉE DE POESIAS (1.161 participantes)

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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