Leondenis Vendramim

O poder da vontade 2

A vontade possui um poder fantástico sobre o ser humano. Pode ser comparada uma labareda no meio de uma floresta seca; não há o que a extinga, destrói e mata.

Contudo, pode ser boa, produtiva e vivificante, tudo depende do adestramento exercido e o foco dado a ela.

Como visto a natureza humana é má, inclina-se para o mal; é cheia de amor próprio, egoísmo, avareza, ela é rápida em respostas grosseiras e “não leva desaforo para casa”.

Conversei com uma advogada, que me disse ser seu desejo tornar-se rica, “e vou ficar milionária”, expressou. Essa volúpia pelo dinheiro, muitas vezes, leva a pessoa à ruína, mesmo antes de se enriquecer.

Nossa índole é pérfida. Ouça o que diz Deus, por meio do profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jer. 17:9).

Diz um ditado popular: “Para conhecer alguém é necessário comer um saco de sal juntos”. Já dizia o filósofo Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.

Realmente, os seres humanos não conhecem o seu próprio coração. Suas vontades e desejos traem sua boa intenção.

Desejam fazer o correto, juram nunca mais errar, mas são dominados pela vida de maldades, vícios e pecados.

Já disse Santo Agostinho: “As ruas do inferno estão calçadas de boas intenções.”

John Wesley: “Muitos se perderão enquanto desejam ser cristãos.”

E Ellen White: “O desejo de bondade e santidade é, em si mesmo, louvável, de nada, porém, valerão essas virtudes se ficarem somente no desejo.”

Jerônimo, que não cria na graça irresistível de S. Agostinho, dizia, a vontade tem valor importante para a salvação.

Embora haja de empreender uma luta renhida contra os “principados, potestades e dominadores deste mundo tenebroso” (diabo e seus anjos) (Efe. 6:12), a luta mais árdua, dolorosa e cruenta é contra o eu.

Paulo disse que quando se deseja fazer o bem, faz-se o mal. O homem é arraigado ao que é baixo, e traz consequências más a ele, aos seus familiares e aos que com ele se associam! Conforme o apóstolo citado, sem luta não há coroa. (2 Tim. 2:5) Ninguém chegará ao céu sem vencer seus maus hábitos e cultivar um bom caráter.

Assim, como todos os músculos precisam ser exercitados, a vontade necessita ser forçada e treinada para fazer o bem, tornando-se vigorosa e direcionada para o que é correto, moral e cristão.

Temos de lutar contra as más tendências, contra os vícios perniciosos, e talvez, contra a imoralidade que corrompem não só a alma, mas a mente, o físico e o círculo social em que vive.

Se é difícil desfazer-se de um hábito, que dirá exterminar com um vício e transformar o caráter.
Meu genro e meu neto lutaram bravamente para deixar o tabagismo.

A vitória heroica trouxe alívio, ar mais puro, saúde e alegria para as duas famílias e para mim. Sei que não foi fácil, mas a recompensa não é para se comparar com as excelentes consequências.

“A luta contra o próprio eu é a maior batalha que já foi ferida. A renúncia de nosso eu sujeitando-se tudo à vontade de Deus, requer luta.”

(Caminho a Cristo, p, 38) Para ser vitorioso urge que a vontade esteja focada no alvo.

O destino humano é feito de escolhas. Cada indivíduo será conforme os objetivos que deseja alcançar e o preço de se dispõe a pagar; se escolher obter saúde, terá de renunciar aos alimentos perniciosos.

É como disse Cristo: o homem que achou um tesouro, vendeu tudo o que possuía e comprou o terreno onde estava o tesouro. É tudo ou nada.

Se o objetivo é valioso, a vontade tem de estar inteiramente focada nele. Como já exposto, não somos robotizados, programados para fazer o bem, Deus não força a vontade de suas criaturas, nem aceita uma submissão ou homenagem forçada.

A obediência que não seja voluntária e inteligente impede o desenvolvimento moral e intelectual do indivíduo. (Idem, p. 39)

Deus é amor e deseja o bem-estar de seus filhos, não requer que renunciem a coisa alguma das quais lhes são proveitosas, somente pede que abandonem as que lhes são maléficas à sua integridade. Seu desejo é satisfazer os anseios do coração aliviando seus fardos.

Como expressou Johann S. Bach: “Jesus Alegria dos Homens”, “A ditosa vida dos homens é ter Cristo no coração”. (Idem, 41)

“O que deveis entender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou de escolha.

Tudo depende da reta ação da vontade. O poder da escolha deu-o Deus aos homens: a ele cabe exercê-lo.”

(Idem, 42) É ingente a necessidade de exercitar a vontade, aliando ao poder divino para abolir o mau caráter e buscar o bom tesouro, a felicidade eterna.

Jesus, como humano, renunciou a vida celestial, onde era atendido pelos anjos; escolheu ser perseguido, preso, zombado, coroado com espinhos, chicoteado violentamente e ser pregado na cruz como se fosse bandido, para salvar pecadores porque os considerou um tesouro de grande preço, objeto de seu amor.

A avaliação que se faz da vida eterna, plena de amor, fartura, felicidade, saúde e paz, é revelada pelas renúncias feitas a fim de obtê-la.

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