Hoje transcrevo para deleite daqueles que apreciam uma boa leitura, versos do escritor Possenti, cuja leitura além de ser agradabilíssima, retrata com incrível perfeição a minha e creio a infância de muitos dos meus amigos que por certo hão de se identificar com o poema abaixo.
Dá-nos a impressão que o escritor num momento de saudosismo e inspiração, relatou a sua infância, e de todos aqueles que, assim como eu à medida que avança na leitura, sente os olhos marejados pelas lágrimas de saudade do seu tempo de criança.
Esses versos, me fez ver como num filme, minha primeira professora, a inesquecível Dona Leonildes Albiero Galvão, meus colegas de primário. Me vi sentado junto com meu amigo Salvador Veronei, colega de escola e de carteira, visto que naquele tempo, os alunos sentavam de dois em dois nos bancos escolares.
Trouxe-me também à lembrança que nos dias de intenso calor, a molecada ia nadar na lagoa dos Moreira, ou às vezes noutra que ficava próximo à casa do meu amigo Carlos Munaro, próximo à linha do trem da Sorocabana.
Como esquecer da igrejinha que meus pais frequentavam e me levaram, desde meus primeiros anos, onde meu pai era o encarregado da orquestra e que ficava na rua Abolição bem no final da rua Capitão José Duarte Nunes, num prédio que mais tarde foi demolido para prolongamento da referida rua.
Doces recordações que todos temos ao fim de nossa jornada, mas que fazem melhores nossos dias até que chegue o dia de partirmos para nossa última morada…
Deixemos de divagações, vamos aos lindos versos, escritos por Possenti, cujo título é “Tempos de infância”.
O meu pensamento vai
Onde a vista não alcança
Recordando o meu passado
Doces tempos de criança
A saudade dos coleguinhas
Nunca me sai da lembrança
A mente da gente vôa
Parece que vejo a lagoa
Com a agua sempre mansa
Recordo a professora
A salinha onde estudava
A estrada beirando a mata
Onde correndo a igrejinha
E a bandinha que tocava
Para mim foi como um sonho
Vi até o rosto risonho
Da menina que me amava
Na mente eu vi nesta hora
A paisagem desenhada
Os antigos companheiros
Cada um seguiu uma estrada
Hoje vivo com saudade
Nesta longa caminhada
Tudo isto eu recordei
Os caminhos que passei
Estou no fim da jornada
Na tela do pensamento
Sempre trazemos guardada
Doces momentos da infância
Que será sempre lembrada
O perfume de uma flor
Faz lembrar horas passadas
Na planície e nas montanhas
Esta saudade acompanha
Até a ultima morada.