Rubinho de Souza

A “Nossa Pracinha” dos tempos de outrora

Desde o nosso tempo de criança e até a nossa juventude, a nossa pracinha sempre foi o lugar perfeito para marcar os nossos encontros em nossa cidade. Era o palco das muitas brincadeiras de moleque, das algazarras dos meninos, dos bate papos de amigos, das serestas, dos encontros de namorados, onde muitas vezes era dado o primeiro beijo.

O compromisso marcado para aquela noite tinha como ponto a “Pracinha”, que a gente se referia de forma carinhosa, e tal qual a praça da música, a nossa também tinha o sorveteiro, o pipoqueiro, os casais de namorados, trocando juras de amor.

Nos finais de semana, eventualmente tinha até uma Bandinha de música se apresentando no local, atraindo muitos expectadores, admiradores e curiosos.

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Ao se pôr o sol, quando seus últimos raios iam pouco a pouco dando lugar à noite, Nêne Chiarini, que era da Companhia de Força e Luz, se encarregava de pontualmente cumprir seu mister diário, e com uma vara comprida com um acionador na ponta, ia embaixo de um dos postes que tinha um transformador de energia, e acionava a energia das luzes dos postes e da Praça. Como num passe de mágica, as luzes da Maurice Allain e da Praça da Bandeira eram acesas para nosso deleite.

As luzes da nossa pracinha, como se pode ver na foto, eram envolvidas em globos de vidro, colocadas em postes de metal, os quais, davam um toque suave à iluminação, trazendo inspiração aos casais de namorados, que românticos, faziam declaração de amor eterno um ao outro…

Num tempo em que a TV ainda não havia conseguido prender as pessoas dentro de suas casas, os moradores, tinham na praça o local perfeito para estar, pois além de possuir sanitários para o público, havia opções desde degustar um sorvete do Bar do Bastião Fabrício, ou um lanche do Bar do Nhô João, que ficava na esquina de baixo, local preferido também da criançada que aproveitava para ir assistir luta livre na TV, a sensação da época.

Quem morava nas Fazendas Itapeva, Saltinho, Santa Rita, Leopoldina, São Bernardo, Anselmo entre outras e também aqueles que residiam em sítios vizinhos e não possuíam carro ou caminhão, usavam para vir para o centro, bicicletas, charretes, e até mesmo montarias em cavalos ou mulas.

Um hábito muito peculiar dessa época, era um “desfilar” das moças e dos moços, que ia na extensão da Maurice Allain, do cinema até a pracinha, e através desse movimento de ir e vir, havia a troca de olhar entre o moço e a moça, que muitas vezes dava início a um namoro, que eventualmente evoluía para noivado e, que acabou resultando em muitos casamentos.

Esse movimento onde os moços e moças desfilavam na Maurice Allain, terminava quando iniciava a sessão do Cine Paratodos, mas na “Pracinha” perdurava até o momento em que as portas dos comércios permaneciam abertas. Assim que os comerciantes começavam a fechar uma de suas portas para ir descansar de mais um dia de trabalho, o pessoal que ficara na praça, também começava a se despedir, indo cada um para sua casa.

Se futuramente, outras praças vierem a existir em nossa cidade, por exuberante que sejam, ou até mesmo outras praças noutra cidade, para quem viveu e sentiu, como eu vivi e senti os dias maravilhosos como esses acima descritos, dificilmente será como a “Nossa Pracinha” pois para nós ela foi e sempre será a “única”…logo do fundo do baú raffard

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