O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii Gaudium (A alegria do Evangelho), publicada no primeiro ano de seu pontificado, afirma que “qualquer comunidade da Igreja, na medida em que pretender subsistir tranquila sem se ocupar criativamente nem cooperar de forma eficaz para que os pobres vivam com dignidade e haja a inclusão de todos, correrá também o risco da sua dissolução, mesmo que fale de temas sociais ou critique os Governos. Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulado em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios” (nº 207).
Evangelli Gaudium salienta o cuidado da Igreja para com “os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir.
Muitas vezes, para ridicularizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e, no entanto, esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano (nº 213).
O Papa defende que as “reinvindicações sociais, que têm a ver com a distribuição das entradas, a inclusão social dos pobres e os direitos humanos não podem ser sufocados com o pretexto de construir um consenso de escritório ou uma paz efêmera para uma minoria feliz.
A dignidade da pessoa humana e o bem comum estão por cima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios. Quando estes valores são afetados, é necessária uma voz profética” (nº 218). A vida deve ser sempre defendida desde o ventre materno até a morte natural.
O Papa Francisco escreve que em “cada nação, os habitantes desenvolvem a dimensão social da sua vida, configurando-se como cidadãos responsáveis dentro de um povo e não como massa arrastada pelas forças dominantes” (nº 220).
Citando a carta pastoral dos bispos dos Estados Unidos de 2007, ele declara que ‘ser cidadão fiel é uma virtude, e a participação na vida política é uma obrigação moral’. E o Papa salienta ainda que “tornar-se um povo é algo mais, exigindo um processo constante no qual cada nova geração está envolvida” (nº 220).
O documento pontifício declara que ao “anunciar Jesus Cristo, que é a paz em pessoa (cf. Ef 2,14), a nova evangelização incentiva todo batizado a ser instrumento de pacificação e testemunha credível de uma vida reconciliada.
É hora de saber como projetar, em uma cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro, a busca de consenso e de acordos, mas sem a separar da preocupação por uma sociedade justa, capaz de memória e sem exclusões.
O autor principal, o sujeito histórico desse processo, é o povo e a sua cultura, não uma classe, uma fração, um grupo, uma elite” (nº 239).
Na construção da justiça social, ensina o Papa, o “cuidado e a promoção do bem comum da sociedade competem ao Estado.
Este, com base nos princípios de subsidiariedade e solidariedade e com um grande esforço de diálogo político e criação de consensos, desempenha um papel fundamental – que não pode ser delegado – na busca do desenvolvimento integral de todos.
Este papel exige, nas circunstâncias atuais, uma profunda humildade social” (nº 240). O Papa admite como aliados os que “não se reconhecendo parte de nenhuma tradição religiosa, buscam sinceramente a verdade, a bondade e a beleza […]” (nº 257).
REFERÊNCIA
FRANCISCO, Papa. Evangelii Gaudium. Exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulus/Loyola, 2013.
IGREJA EM NOTÍCIAS
RCC – A Renovação Carismática Católica realiza, neste domingo (4), a partir das 7 horas, na cidade de Rio Claro, o “Cenáculo de Ouro” em celebração aos 50 anos da RCC na Diocese de Piracicaba. O evento acontece no Centro de Convenções Rainha da Paz (CCRP), que também é sede da TV Oração.
A santa missa de encerramento será presidida pelo bispo diocesano Dom Devair Araújo da Fonseca, às 16h30. Fiéis de todas as cidades do território da Diocese estão convidados. O CCRP fica na Avenida 13 JP, nº 969 – Jardim Esmeralda, em Rio Claro.
SAUDADES – A exposição “Dom Eduardo Koaik: 10 Anos de Saudades”, elaborada em homenagem ao 3º bispo diocesano de Piracicaba e que esteve na Catedral de Piracicaba entre os dias 25 e 31 de agosto, agora pode ser vista na Paróquia São João Batista, em Capivari, até a próxima quinta-feira (8).
A mostra é composta por fotos, documentos e um histórico sobre a vida e episcopado de Dom Eduardo e foi organizada pelo Centro Documental da Diocese. A paróquia fica na Rua Regente Feijó, nº 170, no Centro de Capivari.
Antônio Carlos D´Elboux é padre diocesano e pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria, em Rio Claro ([email protected])