Leondenis Vendramim

Sábado ou Domingo

O hinduísmo, religião mais politeísta, influenciou a filosofia grega (ver o Mito da Caverna de Platão) e também Zaratustra, persa, em grego, Zoroastro (séc. 7 a.C.). Mitra, o deus da luz, associado ao deus Varuna, era cantado nos hinos védicos na Pérsia, era o deus dos contratos e juiz das almas.

O zoroastrismo ensinava que o deus sol (bastante confundido com o deus Mitra), depois de um prolongado inverno, no solstício invernal, renascia no dia 25 de dezembro. Aos domingos faziam culto em honra ao Invicto deus Sol. Era uma religião dualista, com o deus do bem Haura-Mazda e o deus do mal Mainyiu.

Com as invasões romanas o mitraismo espalhou-se pelo império por meio dos soldados que o adotaram e introduziram-no no tempo de Nero (54-68 d.C.). Em Roma, no século 2, ele já se rivalizava com o cristianismo. Vários imperadores romanos como Trajano, Adriano Públio Elio, Diocleciano, Constantino, Teodósio e muitos senadores tornaram-se mitraistas.

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Havia centenas de mitréus (santuários) espalhados pelo império, com maior concentração nas cidades de Roma e Óstia. Seus templos eram em forma de cavernas e sem janelas, pequenos, com capacidade para 30 membros.

Possuíam altar e banco de pedra e a estátua do deus Mitra. A Basílica de S. clemente, em Roma, foi construída sobre um dos mais importantes mitreus. Aí adoravam ao “Invicto deus Sol” (Pontifex Solis Invict). O imperador Aureliano tornou o mitraismo, religião oficializada em 274 e criou o sacerdócio para dirigir os cultos ao Sol.

Constantino (272-237 a.D.) também mitraista, uniu as forças do império e fez o primeiro decreto dominical, em 321, para que os moradores da cidade, juízes, comerciantes e oficiais repousassem no domingo, no “Venerabilii die Solis” em honra ao “Invicto deus Sol”. A isenção era para os agricultores. Com esse decreto o Imperador estava também confirmando essas religiões como oficiais, unindo a Igreja ao Estado.

O bispo e historiador eclesiástico, Eusébio, prestou seu apoio ao Imperador: “Todas as coisas…que se fazia no sábado, nós a transferimos para o dia do Senhor”. (Ele e Constantino (?) mudaram o dia de Deus (sábado), para o dia do deus sol (domingo)). 26
Apesar do decreto real, a mudança foi paulatina e parcialmente, pois muitos cristãos continuaram a observância sabática.

Em 364 a.D. a Igreja Católica, no Concílio de Laodicéia decidiu, no 29ª cânon, que o dia do Senhor a ser seguido pela Igreja seria, doravante, o domingo, e que os cristãos não deviam judaizar em ociosidade no sábado. Fossem, eles achados guardando o sábado, seriam separados de Cristo. (History of the Counseils of the Church. Hefele. Vol. 2, p.316.

O Papa Gregório, em 590, escreveu denunciando os que ensinassem não dever trabalhar no sábado, como profetas do anticristo. Isto indica que mesmo em 590 havia ensinadores sobre a guarda do sábado. O Papa João Paulo 2, comentou sobre a resistência dos cristãos para adotar o domingo em vez do sábado, na Carta Apostólica “Dies Domini”, 31 de maio de 1998 no capítulo IV, p. 18 diz:

“Historicamente, ainda antes de ser vivido como dia de repouso, aliás, não previsto então no calendário civil”.

“Durante alguns séculos, os cristãos viveram o domingo como dia de culto sem poderem juntar-lhe também o significado sabático.

Só no século IV é que a lei civil do império romano reconheceu o ritmo semanal fazendo com que, no “dia do sol”, os juízes, os habitantes das cidades e as corporações dos diversos ofícios parassem de trabalhar.” (p.20)

Edward Berewood escreveu: o antigo sábado continuou e foi observado pelos cristãos por mais de trezentos anos após a morte de nosso Salvador’. (Leorned Treatise of the Sabath, p. 77) O historiador Lyman Coleman declarou: Até o fim do quinto século a observância do sábado judaico teve continuidade cada vez menor até que cessou completamente. (Ancient Cristianity Exemplified, Cap. 26, p. 527)

O clérigo inglês Carlyle Haignes corroborou ao dizer: os cristãos tinham profundo respeito para com o sábado e passavam o dia em devoção e admoestação e copiaram esse procedimento dos próprios apóstolos por isso não podemos duvidar (da lei do sábado) – Dialogues on the Lord’s Day, p. 189.

Mons. Segur escreveu: foi a Igreja Católica que mudou o sábado para o domingo e quando os protestantes guardam o domingo, prestam homenagem ao catolicismo. (Plain Talk about Protestantism Today, p. 213).

A guarda do sábado lembra que Deus é o Criador do Universo (Ex. 20:8-11), e é nosso Deus (Ez. 20:20), enquanto o domingo é uma honra ao deus Sol. Cada qual escolhe o que fazer. Mas as atitudes terão consequências correspondentes.

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