Cânon é palavra recebida do grego que significa “vara reta”, que os cristãos aplicam como vara para medir ou decidir sobre a veracidade das escrituras (inspiradas por Deus) e diferenciá-las dos livros apócrifos (não inspirados). Ver artigo anterior sobre os livros apócrifos. Orígenes (185 – 254 d,C.) de Alexandria, foi o primeiro a chamá-los apócrifos.
A Bíblia é um conjunto de livros divididos em Velho Testamento, com 39 livros escritos antes de Cristo e os do Novo Testamento, com 27, depois de Cristo. No tempo em que o V.T. foi escrito, a língua hebraica não possuía vogais, nem pontuação. Os eruditos judeus, que zelavam pela integridade das Escrituras Sagradas, chamados massoretas, acrescentaram-nas para facilitar sua leitura e compreensão. A Bíblia, Novo e Velho testamentos, não tinham sequer as divisões em capítulos e versículos. Stephen Langdon, Mestre de Teologia na Universidade de Paris e depois Arcebispo de Cantuária, dividiu a Escritura Sagrada, em 1227, na Idade Média, em capítulos. Lutero publicou sua Tradução com essa divisão. A Bíblia de Genebra foi a primeira editada com capítulos e versículos. Os primeiros cinco livros, chamados Torah, foram elaborados por Moisés por volta de 1495 a.C. e o último, por Malaquias no ano 425 a.C.
Quanto à formação do cânon do V.T é constituído de três partes: Leis ou Pentateuco, Profetas e hagiógrafos ou Salmos (os demais). Esta tríplice divisória, é considerada por Jesus (Luc 24:27 e 44). Na lei incluem os cinco livros de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levíticos, Números e Deuteronômio; os Profetas, os quatro profetas maiores: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, e os treze menores: Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Nos Hagiógrafos ou Salmos são incluídos os demais: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Crônicas, 1 e 2 Reis, Esdras e Neemias, Ester, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.
Diz-se, que o erudito Esdras, filho de Sereias, descendente do Sacerdote Arão, escriba e sacerdote, exímio conhecedor das Escrituras, e Neemias organizaram o cânon do V.T. em 445 a.C. entre os judeus do século 1 d.C., havia uma coleção bem definida dos livros sagrados constantes da Bíblia hebraica antiga, do que testemunham Fílon, filósofo e Flávio Josefo, historiador, ambos judeus do século 1 d.C.; eles nada citam dos apócrifos (Dicionário A.S.D, v. 8, ps. 200 – 202). Padre Jerônimo, tradutor da Septuaginta, rejeitou como inspirados os livros apócrifos, foi seguido pelo Papa Gregório o Grande, pelo Cardeal Caetano e outros (Post de Leandro Quadros: Série Catolicismo: livros Apócrifos) Os apóstolos e o Mestre Jesus citavam com frequência os livros do V.T. e nunca mencionaram qualquer dos não inspirados, nem os “Pais Apostólicos” (150 d.C.) fizeram menção alguma deles como autoridades inspiradas.
O Cânon do N.T. é formado pelos quatro evangelhos: Marcos, Mateus, Lucas e João; Atos dos Apóstolos; as cartas paulinas: aos Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo; Tito, Filemom e Hebreus; carta de Tiago; 1 e 2 cartas de Pedro; 1, 2 e 3 cartas de João, carta de Judas e Apocalipse. Este cânon foi estabelecido pelas citações dos próprios discípulos e do Mestre Jesus, chamando-as de Escrituras ou Palavra de Deus. (João 5:39; Lc. 11:51- referindo a 2Cro. 24:20-21; 23:15-16). Paulo menciona que sua escrita era a “Palavra do Senhor”. (1 Tes. 4:15) A carta aos Hebreus, é, praticamente, um comentário do V.T. e possui a mesma autoridade dada pelo próprio Cristo e Seus discípulos.
O A.T. foi escrito entre 1495 a 445 a.C. e canonizados em 445 a.C enquanto o N.T. no período de 52 a 96 d.C., porém, sua canonização só foi reconhecida no Concílio de Cartago no ano 397 d.C. A Igreja primitiva possuía o V.T. com as profecias concernentes a Jesus Cristo e obtiveram o N.T. diretamente de Jesus e dos Seus apóstolos.
No alvorecer da cristandade surgiu o evangelho de Lucas testificando a vida do Mestre, Seus ensinos e obras.
Lucas revelou que já havia escritos sobre esses ocorridos, na maioria das igrejas (Lc. 1:1-4). A Epístola de Barnabé e a segunda de Clemente escritas antes de 150 d.C. falam sobre os ensinos dos livros e das igrejas e pode incluir as cartas de Paulo e os evangelhos. As cartas paulinas eram lidas, copiadas, enviadas para outras igrejas (Col. 4:16) e lidas também pelos outros discípulos (2 Pe. 3:15-16).
O conceito de cânon do Novo testamento foi concebido por volta de 150 d.C., quando já consta no documento “Muratorian Fragment” que se encontra na livraria do monastério de Milão.