Marcel Capretz

A liderança que o jogador quer do treinador no Brasil

Me proponho a falar de futebol neste espaço. Casos de polícia não entram. Por isso, só lamento as invasões, ameaças, chutes no carro e todos os outros constrangimentos que jogadores de Corinthians e Flamengo tiveram que passar na última semana.

E sim eles tiveram que passar por tudo isso já que ainda temos dirigentes coniventes que não só jogam para a torcida, como jogam também com ela. Dirigentes…

Mas o que me intriga nesses dois casos e os uso para fazer uma reflexão maior é a possível insatisfação de jogadores dos elencos flamenguista e corintiano com os métodos de trabalho das respectivas comissões técnicas.

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Cobrança, disciplina, pontualidade, intensidade e coisas do gênero não estariam sendo bem aceitas.

Os dois times são comandados por técnicos portugueses. E ambos não foram campeões estaduais.

Isso faz toda a diferença! Para comparar, tenho certeza que Jorge Jesus e Abel Ferreira também seguem a mesma linha.

Porém ambos ergueram troféus. E isso encobre muita coisa, infelizmente. Seja o técnico com o passaporte que for…

E esse empoderamento exagerado dos jogadores me preocupa. A inversão na hierarquia, tendo o comandante que se submeter inteiramente aos comandados não me parece o melhor caminho.

Claro que diálogo e cooperação são fundamentais e pré-requisito para qualquer bom líder. Entretanto, quando o jogador se sente fora da zona de conforto o inconsciente dele já apela para a sobrevivência, relembrando elementos inerentes a nossa cultura como ‘é mais fácil trocar um (o técnico) do que trinta (jogadores)’, ou a própria média de três meses de permanência de um treinador em um clube e coisas do gênero.

E aí voltamos para a gestão: dirigente não costuma bancar treinador. Há pouca convicção no processo.

Existe até um desconhecimento de como se cria uma ideia de jogo e as necessárias relações para que as coisas funcionem dentro de campo.

Em caso de derrota, pressão da torcida e rumores dessa insatisfação dos jogadores com a metodologia de trabalho e o perfil da liderança do treinador, troca-se toda uma comissão técnica para dar ‘uma (falsa) resposta ao torcedor’.

Depois não podemos reclamar que nosso jogo é inferior ao europeu. Não que lá isso também não aconteça.

Mas em uma escala muito menor. Esses próprios jogadores que aqui reclamam lá se comportam diferente. É a cultura engolindo a estratégia já no café da manhã…

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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