Há pouco tempo atrás, escrevi uma matéria sobre o rio Capivari, que foi publicada neste Semanário, onde disse que o Sr. Heitor Turolla me presenteou com alguns documentos da história de nossa cidade, e ao manuseá-los, deparei com um artigo escrito em 1987 pelo engenheiro do DAAE, o Dr. Gilberto T. Ruffolo, que já naquela época chamava a atenção das autoridades para a atenção que deveriam ter com o Capivari.
Naquela oportunidade, ele avaliava a situação que se encontrava nosso rio, que a cada dia que passava estava sendo mais maltratado, e já agonizava pelo descaso das autoridades responsáveis, que se arrastava durante décadas, sendo usado como depósito de detritos, pelos vários municípios, ao longo de todo o seu percurso.
O Capivari, para quem ainda não sabe, nasce no município de Jarinu, atravessando em seu percurso, os municípios de Louveira, Vinhedo, Valinhos, Campinas, Monte Mor, Elias Fausto, e depois de banhar a cidade que adotou seu nome, chega a Rafard, e segue para Mombuca e depois Tietê, onde desemboca pela margem direita, no rio que também deu nome à cidade.
Quase todos os municípios citados acima, um dia já se abasteceram das águas do Capivari, através de captações das suas águas, que nessa época eram limpas e após tratamento eram próprias para consumo, entretanto, à medida que a poluição foi tomando conta, houve a degradação da qualidade de suas águas, inviabilizando as captações, que foram aos poucos sendo desativadas.
A cada ano que passa, o nosso rio, sofre aumento de um acelerado processo de deterioração, tanto pelo alto grau de detritos provenientes da industrialização como pela urbanização sem controle que vem ocorrendo em sua bacia, principalmente em suas cabeceiras, notadamente na região de Campinas, onde o crescimento demográfico verificado é um dos maiores do nosso Estado.
Como se pode perceber, o descaso para com um rio que antigamente foi tão rico de peixes e de outras formas de vida aquática, que foi local para piquenique, passeio de barcos (foto), hoje mais parece um esgoto a céu aberto e depósito de tudo quando é descartável, anulando sua verdadeira finalidade, pelo mau uso em todo seu curso.
Aos poucos o nosso Capivari está morrendo, sucumbindo aos desmandos de todos nós que por nossa omissão, permitimos impassíveis, a sua degradação.
É de se concluir que se nada for feito para mudar radicalmente a situação do seu leito, as vazões mínimas nele registradas continuarão em declínio, e a pouca quantidade d’água estagnadas, provocadas pela barragem da Leopoldina, que funcionam como local propício à proliferação de pernilongos e outros insetos, no entanto, sempre que tivermos chuvas como aquelas que vimos dias atrás, fatalmente continuaremos a assistir suas águas invadir as regiões ribeirinhas das cidades de Capivari e Rafard, pelo assoreamento verificado em seu leito.
É necessário vontade política e união dos nossos gestores, para mudar o estado atual do nosso rio, que é deprimente, isso somente poderá ocorrer, através dos órgãos estaduais competentes, onde se poderá buscar uma solução não só para pôr fim nas enchentes, mas trazer de volta à vida, o que foi um dia o nosso querido rio Capivari.
O objetivo deste artigo é despertar a todos aqueles que comungam o mesmo pensamento aqui exposto, e também é um puxão de orelhas nas autoridades responsáveis, que tem entre suas atribuições o poder e o dever de buscar soluções para nossa coletividade, e assim fazendo, possam merecidamente ter seu nome gravado na história das suas respectivas cidades, e dependendo de sua atuação, até do nosso Estado.
Pensem nisso…