Editorial

Editorial – Ingredientes procuram bons confeiteiros

A Cultura interiorana sempre foi recheada de personalidades marcantes, não importando se alcançou grande reconhecimento nacional ou se apenas ficou nas nossas lembranças pela amizade e pelo carinho de termos convivido com elas. Capivari e Rafard, berços e celeiros de artistas eloquentes, ainda que escondidos da população, não perceberam a importância indiscutível que esses cidadãos têm para os municípios.
Deixando de lado essa ladainha improdutiva de discutir quem nasceu aqui ou acolá, as duas cidades são extremamente carentes quando o assunto é cultura. Alguns artistas dessas cidades devem se revirar nos túmulos quando escutam as autoridades discutindo sobre banalidades que não mudarão em nada o cenário local, e querem apenas que os nomes desses artistas constem num pobre histórico municipal, no intuito de massagear o ego de quem ganhou essa disputa sem fundamentos.
Na questão do incentivo, não é apenas ter um espaço e deixá-lo jogado as traças para se organizar alguns eventos importados de outras cidades, sendo eles mal divulgados e largando os artistas locais gritando contra a surdez para terem uma oportunidade de se apresentarem.
O processo de incentivo deve começar com a educação da população, não esperando que ela compareça aos eventos estrambólicos, mas levando até ela as mais variadas manifestações artísticas do cotidiano, da simplicidade, da realidade em que elas vivem, para que depois seja introduzido um conceito mais vanguardista, ou seja, do que está acontecendo agora. A Arte deseja ser incessantemente absorvida, mas para isso a vontade da população em saboreá-la deve ser instigada.
Costumamos comprar a cultura pensando que a nossa não tem qualidade, que é cheia de pequenices e de coisinhas que não afetarão o mundo, mas é aí que mora o erro. Capivari e Rafard possuem belezas incontestáveis que foram paridas por pessoas simples, e essas ficam apenas como bonitezas para quem as vê, limitando a expansão desse material tão precioso para um cenário que poderia ser reconhecido em âmbito nacional.
Muitas pessoas acabam se tornando estrelas sem brilho porque não conseguem obter um “algo além” na vida, e a arte carrega esse princípio básico da manifestação humana, permitindo ao adepto se mostrar quem ele realmente é, se libertando dos dogmas, conceitos e padrões, questionando o autoritarismo e lutando por uma realidade de conhecimentos.
Leis municipais de incentivo à cultura, criação de fóruns, projetos itinerantes pelos bairros periféricos, tantas ideias para pouco interesse político, isso quando ela não é atacada pelos irracionais que estão apenas preocupados em mascarar a própria incompetência com eventos de “pão e circo”. A cultura não deve ser menosprezada, é nela em que os homens se engrandecem e criam os alicerces para uma sociedade de plena evolução.
O incentivo cultural não é um custo, é um investimento. Ninguém muda o futuro do próximo, pois cabe ao próprio fazer o seu esforço, mas sempre se pode estender a oportunidade e fazer com que o curioso represente de maneira grandiosa quem lhe apresentou um caminho melhor, tornando-se assim um profissional e passando adiante essa maravilhosa lição de aprendizado e conquista.
Com todo respeito aos artistas de Circo, de “palhaços e palhaçadas” administrativas estamos fartos. A população não pode continuar a mercê da mediocridade e insanidade política em geral. Não somos cegos, não somos surdos e nem mudos… acorda minha gente!

Jornal O Semanário

Esta notícia foi publicada por um dos redatores do jornal O Semanário, não significa que foi escrita por um deles, em alguns dos casos, foi apenas editada.

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