Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

Comentarista Casagrande e a prisão mental

Não perca o bom humor. Em qualquer acesso de irritação, há sempre um suicidiozinho no campo de suas forças. Não perca a tolerância. É muita gente a tolerá-lo naquilo que você ainda tem de indesejável. Médico espiritual André Luiz (1)

O ser é um espírito, que opera uma mente, que opera um cérebro, que opera um corpo. Hoje a ciência diz que não há segredo na mente que seu corpo não revele.

Dessa forma, entendemos que mesmo que o espírito permaneça ativo, todo corpo necessita de descanso, toda mente precisa de repouso.

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Casagrande confessa que usou e abusou de álcool e outras drogas por 38 anos e só parou quando chegou no fundo do poço, perdendo o casamento e sendo internado involuntariamente pelos filhos, quando capotou um carro (setembro de 2007). Ele diz que nada de mais sério ocorreu além dos danos materiais, mas que esses lhe trouxeram a oportunidade que a família deu de reabilitar-se.

Muitos, nessa hora, usam no nome de Deus. “Deus protegeu.” “Salvo por Deus.” E a pergunta que não quer calar é: quem usa álcool ou drogas e dirige um veículo, com a distorção de suas faculdades intelectuais, está protegido por Deus e seus atos são irrepreensíveis? Visto que bebeu e usou droga, mas não estava pensando e nem desejando acidentes ou morte, comete um erro ou um crime?

A resposta é taxativa: em vez de cometer um erro, comete dois, pois estava privado, voluntariamente, de sua razão para satisfazer paixões brutais, da sua doença (dependência química de substâncias psicoativas). (2)

O comentarista da Globo conta que começou a usar drogas, como a maconha, aos 14 anos, porque esse era um estilo de vida valorizado por uma parcela dos jovens de sua época. Gostava demais do cantor Jim Morrison, e hoje Casagrande vê que, por falta de entendimento de sua parte, não conseguiu canalizar aquilo que o músico trazia de bom (não aproveitava as músicas para dançar, não aproveitava as letras para refletir), mas canalizava suas próprias energias na glamourização do estilo de vida do cantor, que era de uso de drogas, com a idealização do “morrer jovem”. (3)

Se inicialmente o uso de drogas é voluntário (usa-se ou bebe-se de vez em quando, junto dos amigos, num “esquenta”, por exemplo, para um baile ou festa), com o uso prolongado no tempo, e rotineiro, dispara-se no cérebro um dispositivo mental: quando é “ligado”, o indivíduo entra em estado de dependência química, caracterizado pela busca e consumo compulsivo e obsessivo da droga. Nessa fase já não precisa de companhia, seus pensamentos atraem para junto de si alcoólatras e adictos que deixaram o corpo e não deixaram a vontade de usar ou beber.

Recuperado, o ex-jogador e comentaria hoje faz palestra e dá seu depoimento do tratamento e da recuperação, caminho pelo qual optou e no qual se mantém abstêmio do álcool e das drogas – a adicção é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como doença crônica.

1) André Luiz (Chico Xavier) – Caminho espírita – IDE.
2) Allan Kardec – Questão 848 de O Livro dos Espíritos – Editora EME.
3) “Cocaína e heroína começaram a não fazer mais efeito”, Casagrande – https://youtu.be/qwGLb6cR_vA

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