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No Dia do Padre, a mensagem é de esperança em dias melhores

Párocos de Rafard e Capivari falam sobre sacerdócio, esperança, renovação e futuro

À frente da missão de evangelizar e conduzir as comunidades católicas, estão os padres. A data comemorativa do Dia do Padre foi na última quarta-feira, 4 de agosto. 

Em todo o Brasil, as igrejas católicas antecipam a data e celebram o sacerdócio no 1º domingo de agosto, iniciando o mês das vocações.

E para falar da vocação e dos desafios em ser padre, o jornal O Semanário conversou com o padre Régis, da Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, em Rafard, e com o padre Adalton, da Matriz de São João Batista, em Capivari.

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Padre Régis, da Matriz de Nossa Senhora de Lourdes, em Rafard

Reginaldo Aparecido Brandão é o padre Régis, que chegou em Rafard há um ano e meio. Ele é padre ordenado há seis anos e em sua caminhada busca animar os fiéis para que cultivem a esperança e tenham bom ânimo em dias melhores. 

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Padre Adalton, da Matriz de São João Batista, em Capivari

Com 28 anos de sacerdócio, o padre Adalton Roberto Demarchi já está há quase 10 anos em Capivari. Sempre ativo nas questões sociais e políticas, ele acredita que o momento da Igreja Católica é o de renovar as forças e buscar, para um futuro bem próximo, uma nova maneira de evangelizar no mundo pós Covid-19. 

Confira a entrevista com os sacerdotes:

O Semanário – Em tempos tão difíceis de Covid-19, quais são os principais desafios de um sacerdote que vive em comunidade? 

Padre Régis – O padre é um homem que vive com a comunidade, e a nossa vida está ligada à relação com o outro, então nestes tempos de pandemia, estar longe do meu povo causou um aborrecimento muito grande. A oração e a fé ajudam muito na superação dos desafios nesta caminhada. Não poder ajudar de perto é muito triste, mas os meios de comunicação trouxeram um pouco de alegria para estes tempos difíceis, ainda que, mesmo não estando frente a frente, puder animar meus paroquianos a continuarem se alimentando com a Palavra de Deus.  

Padre Adalton – O trabalho do padre é em contato com o povo, seja nas celebrações, nas atividades pastorais ou administrando os sacramentos, mas, aí veio a Covid e afastou as pessoas. Então, ao meu ver, o principal desafio é criar uma maneira de acolher as pessoas, mesmo com o distanciamento social.

Uma ferramenta que tem ajudado muito é a Internet, através das redes sociais, canal no Youtube e outras formas de contato virtual. As pessoas estão participando, mesmo que à distância, e isso tem sido fundamental para que possamos manter o contato, o diálogo e a proximidade, mesmo que distantes, mas interligados ao amor de Deus. 

O Semanário – Que lugar o padre ocupa na comunidade, quando é chamado a conduzir os fiéis para a vivência concreta da Palavra de Deus? 

Padre Régis – Nestes tempos em que ainda passamos por esta pandemia, esta questão é muito complicada. O padre existe para a sua comunidade paroquial, e ter que ficar longe, não poder se encontrar, não estar junto para poder ajudar de perto é muito triste. Meu lugar e minha missão de pastor na comunidade são as que Deus coloca à minha frente, que é continuar animando os féis para a fé e a oração. O que nos ajuda, é que, através das missas, transmitidas pelas redes sociais, é possível animar meus paroquianos a continuarem na caminhada com Deus, a cada dia renovando nossas esperanças. 

Padre Adalton – Acredito que o padre ocupa o lugar de um cristão que é chamado a ajudar no processo de discernimento. Hoje, mais do que nunca, a Igreja assume o papel de orientar as pessoas para que elas tenham consciência de sua missão e do seu compromisso com a vida.

Além de ministrar os sacramentos da Igreja e celebrar a Eucaristia, o padre é aquele que busca orientar aos fiéis na vivência da prática da fé verdadeira e comprometida com a Palavra de Deus. É, sem dúvida, um grande desafio, pois vivemos para que a experiência de Deus possa ser sentida de verdade.  

O Semanário – Na vida de um padre, quais são as principais alegrias vivenciadas nesta vocação? E quais são as principais dificuldades?

Padre Régis – As alegrias na caminhada de um padre são muitas. Estar com Deus é a alegria perfeita. Como o próprio Cristo ensina, existe mais alegria em dar do que receber, desta forma, poder ajudar alguém me preenche e me dá ânimo de vida.

Os desafios existem para nos ajudar a sermos sempre melhores. Até agora, o distanciamento do povo de Deus, que veio com a pandemia, foi para mim, o maior desafio e a maior dificuldade, já vivida até hoje. 

Padre Adalton – Sinto minhas maiores alegrias, como padre, quando vejo que as pessoas estão sendo atingidas com a mensagem da Palavra de Deus. Se tem algo que me deixa muito feliz, é quando ouço alguém dizer que, através de uma mensagem que ouviu em algum momento comigo, ela pode refletir, reavaliar e ali surgiu um sentimento de compromisso e mudança, essa é minha maior alegria. 

As principais dificuldades estão na indiferença das pessoas que convivem conosco. Vejo que, com muita facilidade, estamos tratando os outros como objetos, e queremos que Deus se ajuste às nossas medidas, mas na verdade nós é que temos que nos ampliar no amor de Deus. 

O Semanário – Passando a pandemia, quais são seus projetos futuros como pároco à frente da Igreja Matriz dos municípios de Rafard e Capivari?

Padre Régis – Passando a pandemia, vou começar a trabalhar mais, promovendo encontros, formações, atividades ligadas à religiosidade popular, missões e festas. Tudo para promover, ainda mais, a fé e o amor de Deus aos irmãos.

Padre Adalton – No trabalho pastoral da Igreja temos o desafio de recomeçar, só que agora de um novo jeito, as nossas atividades de evangelização. A pandemia trouxe um certo esfriamento dos trabalhos que estavam sendo feitos nas comunidades, então temos que resgatar e fortalecer as nossas ações para continuar nossa missão. 

No nível material, a Igreja Matriz de São João Batista precisa retomar algumas demandas, que infelizmente, ficam paradas. A principal delas é o término da reforma do presbitério com a troca do forro e a pintura decorativa do altar. Temos também que terminar a revitalização do jardim com a colocação dos pisos e a aplicação de uma nova camada de verniz. 

A Igreja Matriz de Capivari completa 95 anos de fundação no próximo dia 10 de outubro, e vamos entrar na caminhada rumo a 2026, quando ela completa seu 2ª centenário. Teremos então, a celebração de 200 anos de história, e sem dúvidas é um momento importante para que a Paróquia fortaleça suas raízes. 

O Semanário – Como padre e líder de uma comunidade católica, que mensagem você deixa aos seus fiéis neste período de pandemia, medos e incertezas?

Padre Regis – Minha palavra a todos que sofrem, é que não desanimem, e que possamos olhar tudo o que estamos vivendo como um impulso para sermos pessoas ainda melhores, com alma iluminada e esperanças ativas. Tudo isso passará e precisamos crescer com tudo o que já vivemos até aqui. Tempos melhores virão e temos que ter fé, mas também existem momentos de dor e incertezas, mas com Deus venceremos tudo. Deus é nossa alegria em todos os tempos.

Padre Adalton – A principal mensagem vem da esperança. A Covid chegou como uma tempestade e nos mostrou que a riqueza, o poder e a ostentação não fazem nenhuma diferença na hora do enfrentamento de situações como o coronavírus. É hora de perceber tudo o que vivemos e enfrentamos até aqui, e pedir forças a Deus para que possamos renovar nosso caminho com novos horizontes, mais justiça e mais fraternidade. 

Ivanete Cardoso

Jornalista - MTB 57.303

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