Há muito, assistimos a contenda entre fé e ciência. Desde que surgiu o iluminismo (séculos 17 e 18) essa luta tornou-se mais acirrada. É interessante e oportuno que se saiba a definição de ambos os termos e suas implicações. Recebemos a palavra fé do latim fides, do qual temos o vocábulo fidedigno. Fé é, no sentido jurídico, um testemunho, afirmação cartorial ou em juízo.
No sentido religioso, é doutrina afirmada como ortodoxa por uma denominação ou uma crença segura e imutável, embora não se tenha prova palpável. “É a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” (Heb 11:1). Por exemplo: ter certeza de que Deus existe, participa da nossa vida, mesmo não tendo uma prova visível, cabal e experimental, tem apenas evidências. Não quer dizer que a fé não seja existencial.
Ciência é uma área específica do conhecimento humano (Astronomia, Arqueologia, História…); é um conhecimento, incluindo o conhecimento técnico; é um sistema de conhecimentos a certo setor da realidade (concreta ou abstrata)… diz Carlos L. Mattos, Vocábulo Filosófico, p.68. O conhecimento só é ciência quando pode ser comprovado por experiência, possa ser repetido ou tenha prova documental, quesito, que também a distingue da fé.
Quando o conhecimento científico não tem possibilidade de repetições comprobatórias, e ou provas cabais e insofismáveis é apenas uma teoria, um talvez, suposição de cientistas. Como exemplo a teoria do Big Beng. (ver Stephen W. Hawking. Uma Breve História do Tempo, p. 25-26,60,62.
Os iluministas são racionalistas e por isso não aceitam a veracidade da fé, só a ciência é a verdade, dizem eles. Os teólogos, religiosos e muitos cientistas aceitam os ensinos bíblicos e da fé desde que estribados numa plausibilidade.
A Folha de S. Paulo publicou artigo sobre um grupo de acadêmicos: biólogos, geneticistas, filósofos, arqueólogos, geólogos e muitos outros com objetivo precípuo de difundir que o conhecimento e a fé se complementam sem se contradizerem, e cada qual tem seu papel.
“No momento em que a humanidade enfrenta um dos maiores desafios globais na área da saúde, a fé e a ciência se mostram imprescindíveis. De um lado, cientistas correm para descobrir uma vacina que ponha fim à pandemia causada pela covid-19 (hoje já é realidade). Do outro, as pessoas buscam espiritualidade para superar esses dias de incerteza” (Folha, 14/5/21, A7).
Para os teólogos Deus é o doador tanto da fé quanto da ciência. Assim a capacidade dos médicos, dos pesquisadores, dos geneticistas e suas descobertas provêm do Criador, sendo assim, os cristãos devem se aproveitar das descobertas científicas: vacinas, fármacos e procedimentos médicos. A fé tranquiliza o paciente contribuindo para a cura.
Diz o Salmista: “É Ele quem perdoa todas as tuas iniquidades, e sara as tuas enfermidades (Sl 103:3). Toda a sabedoria vem de Deus (Tiag 3:17). S. Paulo confirma: “Para que o Deus e Pai de Nosso Senhor vos dê o espírito de sabedoria” (Ef 1.17).
A fé é irreconciliável com a pretensa ciência ou teoria, quando esta contradiz a Palavra de Deus, o soberano, Criador de todas as coisas e que tudo conhece. A Bíblia é a Palavra de Deus escrita (2 Ped. 1:19-21), e é impossível que Ele Se engane ou minta (Heb. 6:18; Tiag. 1:2).
Portanto quando Ele diz que em seis dias criou os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há (Ex. 20:11, ver Gn 1 e 2) é porque foi isso o que aconteceu. Sem precisar de “varinha mágica”. Nisto não há reconciliação, até que a verdadeira ciência descubra essa realidade.
Os cientistas podem falhar, porque o conhecimento é progressivo. Em 1519 Fernão de Magalhães mostrou que a Terra é esférica. Houve e ainda há contestações porque a teoria científica dizia que a Terra era plana cujas extremidades acabavam em precipícios e era sustentada por enormes tartarugas e elefantes.
A Palavra de Deus já dizia, 2264 anos antes, de Fernão de Magalhães que o mundo é um globo – Is 40:22 e também que o mundo é sustentado sobre o nada – Jó 26:7 (3200 anos antes de Isaac Newton).
Em quem acreditar nos homens ou no Deus Criador e Onisciente?
