O preconceito aos negros é histórico. Na “colonização”, muito antes de Cabral vir ao Brasil (1500), Portugal escravizava os africanos, e na primeira metade do século 16 o país tinha dois milhões de habitantes sendo 400 mil (1/5) escravos.
Os padres ensinavam que os negros não tinham alma nem sentiam dor. Criam que os negros eram como os animais, e, assim os tratavam; pelas ordenações reais trocavam e vendiam-nos como coisas.
Até o século 18 os negros eram proibidos pelos jesuítas de frequentar escolas. Para o Padre Barléu o negro era animal ferocíssimo, o mulato semiferoz. Beneditinos e jesuítas estimulavam a união entre índios e negros para aprimorar a mão-de-obra e melhorar os lucros, pois o negro bem feito e ladino custava 300 oitavas (preço de 3 bois) uma negra 350, enquanto um mulato custava 500 oitavas (5 bois).
Os loyolanos tinham fazendas enormes laboradas pelos negros e índios. O rei recebia 10% e a Igreja 5% do valor da venda dos escravos.
Outra doutrina dizia que a África era o inferno, o Brasil, o purgatório e Portugal era o céu. A escravidão era necessária para resgatar os negros do inferno, e levados ao Brasil, purgavam seus pecados. O Padre Vieira só aceitava e abençoava negros fugitivos se voltassem ao seu dono.
O Procurador do Estado do Maranhão dizia que os brancos eram próprios para introduzir a religião entre índios e negros, e, eles para servir, caçar, pescar e trabalhar para os brancos.
Quando nasci minha mãe não tinha leite suficiente, mamei nos seios de uma negra, chamada Gabriela de Arruda, um anjo a quem sou muito grato. O leite dela era branco como o das brancas. Frequentei sua casa devido à amizade com seus filhos, quando um ferimento, o sangue deles era vermelho como o nosso.
Tenho ainda hoje amizade com muitos negros, um deles em S. Paulo tornou-se advogado; Páscoa uma inspetora de alunos na escola onde lecionei tornou-se pedagoga; grandes homens literatas como Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Maria Firmina dos Reis, primeira professora negra concursada no Brasil mostraram que são tão capazes quanto os brancos.
Na criação Deus modelou no barro, com Suas mãos, uma escultura à Sua semelhança e soprou nela o Seu próprio fôlego, fazendo o homem, e da sua costela fez a mulher, um monumento artístico do Senhor, tão linda, que provocou no afeito à perfeição uma declaração poética: “Essa é osso dos meus ossos e carne de minha carne…” (Gn 2:23). Eva é a origem de todos os humanos, de todas as raças (Gn. 10:20; At 17:26). Qual seria a cor desse primeiro casal?
Dr. Cheikh Anta Diop, diretor do Laboratório de Radio Carbono da Universidade de Dakar é monogenista afirma que o primeiro homem (Adão) era africano negro e o branco surgiu com a migração e adaptação ao clima mais frio. Assegura também que pelos fósseis estudados por antropólogos e arqueólogos o lobo central no crânio humano é igual em todas as raças, o que não permite uma raça superior à outra.
A maioria dos teólogos afirma que Adão era de pele bronzeada escura e avermelhada, um mulato bem enrubescido, e como o antropólogo Dr. Cheikh, creem haver uma só raça da qual viemos todos. A palavra Adão no hebraico quer dizer vermelho; feito da terra vermelha. Portanto somos todos iguais, temos as mesmas capacidades; a diferença está na cor da pele, nos treinamentos e estudos.
Somos todos irmãos (negros, mulatos, brancos, asiáticos e índios), filhos do primeiro casal, mulato, perfeito física, moral e mentalmente e muito lindo, como todas as obras divinas. Eram inteligentes, deram nome para cada um dos animais, plantas e frutos (quantos eram?), conversavam com Deus e O entendiam, conheciam todas as ciências.
Seu lar era um jardim florido, perfumado, cheio de frutos odoríferos e saborosos. O céu era a cobertura e com visão perfeita enxergavam as belezas do paraíso edênico, lugar das delícias.
Com o pecado veio a degeneração humana, o negro tem concentração demasiada de melanina e o branco é desbotado, todos temos defeitos e não há razão para discriminação. Não deixamos de ser irmãos, e o Seu mandamento é este que creiamos em Cristo e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos deu. E aquele que guarda os Seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele. (1 Jo 3:23-24).