Preconceito é conceituar sem reflexão, precipitado, um pré julgamento que se faz sem o devido conhecimento sobre alguém ou sobre alguma coisa ou fato.
A palavra é formada de pré (antes) e de conceito que é avaliação, opinião, reputação, julgamento… O vocábulo preconceito é muito comum, até vulgarizado, mas causa insegurança e temor ao discorrer ante o julgamento dos leitores.
Todos nós preconceituamos coisas, animais e pessoas o tempo todo, faz parte do nosso ser. As jovens avaliam à primeira vista: “Que moço bonito, eu me casaria com ele”! “Que vestido maravilhoso”! Taxamos: “Aquela pessoa é simpática.” Depois de ver e ouvir as palestras do Dr. Enéas alguém escreveu: “Perdoe-nos Dr. Enéas, porque depois de ouvirmos sua sabedoria, confessamos nosso erro de não votarmos no senhor para ser nosso presidente”.
Sua barba farta, seu modo de expressar, sua altura à Ruy Barbosa, seu aspecto macilento encobriam aos olhos populares a sabedoria e o conhecimento contidos naquele invólucro craniano; poucos conheciam seu caráter. Normalmente julgamos pessoas pelo seu exterior, não pelos seus atributos morais .
A Bíblia relata um adequado exemplo. O Profeta Samuel foi encarregado por Deus para ungir um dos filhos de Jessé como rei de Israel. Ao ver Eliabe, de boa compleição física pensou: É este, mas Deus lhe disse: ”Não atente para sua aparência, nem para sua altura, pois eu o rejeitei.
O Senhor não vê como vê o homem. O homem olha o que está diante dos olhos, mas o Senhor olha para o coração”. Jessé apresentou seus sete filhos mais altos e mais robustos, porém Deus escolheu o mais novo, ainda em desenvolvimento, cujo caráter correspondia aos anseios divinos. Davi é considerado o melhor rei da história de Israel.
É devido às escolhas da cara e do porte físico, e não do coração, que muitos casamentos trazem infelicidade, divórcio e ruína de toda a família. O namoro deve demorar o tempo suficiente para analisar o comportamento, os impulsos, os sentimentos e o caráter do (da) pretendente, e sempre consultar os conselhos dos pais e de Deus.
Quando os preconceitos correspondem ao menosprezo a alguém, o mal está com aquele que julga, pois são frutos da soberba e do orgulho, terríveis defeitos de caráter. Há preconceito racial, sobre a cor da pele, obesidade, gênero, financeiro, aparência física…
Um colega, professor de faculdade contou-me que certa vez um sitiante foi a uma concessionária como viera do sítio, roupa suja, suado, chapéu de palha e começou a observar os carros. Depois de tempo, saiu da loja e foi à outra concessionária, onde comprou uma caminhonete e dois carros, um para a esposa e outro para a filha.
Isso se deu porque os vendedores da primeira loja o desdenharam devido à sua aparência e não lhe perguntaram sobre seu interesse como o fizeram noutra loja. Nunca se sabe o que está por dentro da roupa ou da pele de uma pessoa. Não é sábio julgar o caráter, ou, a capacidade de quem quer que seja pelo estado financeiro ou social. Diz um ditado: “Quem vê a cara não vê o coração”.
Uma senhora resolveu consultar um médico de outra cidade por ouvir sobre sua capacidade. Ao chegar pediu informação a dois homens trajados como serviçais sobre o consultório do referido Doutor. Um deles disse eu sou o médico. A mulher disse: desprezando-o: “Pensei que tais roupas não fossem adequadas para um médico”. O doutor respondeu: “Pensei que uma dama vestida tão finamente fosse mais educada”. Há respeitados legisladores violando a lei, bispos e pastores imorais, pobres e analfabetos com moral elevada.
Somos demasiadamente apressados para julgar as atitudes do próximo; quantos aprisionados inocentes, quantos linchamentos de inculpáveis. Não sejamos rápidos no pedir que alguém seja justiçado, pois o fervor das emoções poderá nos levar a um arrependimento tardio e sem reversão.
Como ficaram alguns repórteres que publicaram textos sobre estupros de crianças pelo diretor proprietário da creche do Brooklin em São Paulo. A escola pichada teve de ser fechada mesmo sendo provada a inocência dos acusados. O que parece, não é; pode ser, ainda não se confirmou. Lembremos: “Não julgueis para que não sejais julgados” (Mt. 7:1).