Esteja disposto a suportar o que te sucede. A aceitação do que aconteceu é o primeiro passo para superar as consequências de qualquer adversidade.
William James, filósofo e psicólogo norte-americano
Vivemos uma experiência nessa pandemia que somente as guerras mundiais podem lembrar, com suas atrocidades. Ficamos presos em nossas casas, sem visitas, sem abraços, sem experiências comunitárias, sem escolas e sem trabalho… E quando tem produção não tem comprador, a não ser o do essencial.
São muitos os aprendizados que devemos colher dessa situação.
Um primeiro questionamento sobre o qual podemos refletir: o que estamos fazendo aqui? De onde viemos e, depois, um dia, para onde voltaremos?
Segundo, que essa doença devastadora iguala todos nós, não fazendo diferença de idade, raça, classe ou posição social. Muitos retornam mais cedo para a vida espiritual.
Terceiro, mostra-nos que temos que nos unir e praticar o que é saudável em benefício de todos, ajudando que seremos ajudados, prevenindo-nos para estarmos seguros (máscaras, álcool em gel, distanciamento e isolamento).
Quem se cuida, tendo um sistema imunológico mais regulado, tem chance de passar pela infecção sem sobressaltos.
Aceitar que a covid-19 pode ser fatal é imprescindível para manter a saúde de todos. São raros, mas alguns não acreditam nos efeitos nocivos do coronavírus para a saúde; parece uma porta mental chamada “eu não consigo acreditar”, que nem o argumento mais potente consegue destruir, pois está solidificada na mente, essa mente maravilhosa que possuímos, capaz de construir maravilhas e destruir vidas preciosas.
Nessa relação, alguns que desacreditam se arrependem quando sofrem a infecção, e outros morrem mesmo, independente de arrepender-se ou não. Ou levam a morte para casa, alcançando o familiar querido.
Nossa aceitação de que devemos nos cuidar é uma forma de ajudar outras pessoas, hoje; pessoas das quais, no futuro, não muito distante, precisaremos e poderemos receber auxílio, dentro da lei de retorno.
A aceitação vem com a entrega ao Poder Superior de nossa vida e de nossas ansiedades, buscando a tranquilidade de espírito.
É preciso coragem para nos desligar do passado e escolher ser feliz no presente. A coragem deve ser com amor e não com medo. Desarmando-nos dos ressentimentos, ódios e medos, substituindo–os por sentimentos fraternos, como aceitação da vida em todos os seus aspectos.
A aceitação nos leva mais perto da felicidade, com uma vida simples, buscando o necessário, e no campo da espiritualidade, com a consciência limpa e a fé na vida futura. Confiante de que o verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será – inclusive do que já não é, com o envelhecimento das forças.
ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.