O fato de o fruto (a droga) ser proibido é que dá mais vontade no seu filho de experimentá-lo.
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil
Será que é verdade essa frase do FHC? Não, né!
Tem muita gente que nunca experimentou e não sente vontade, eu conheço muita gente que está muito feliz sem nunca ter usado.
Têm pessoas que usam recreativamente e não desenvolvem a doença da adicção, ou seja, a dependência química, como esse ex-presidente, o cantor Caetano Veloso, o ex-deputado e jornalista Fernando Gabeira, o cantor Gilberto Gil, a direção do PSOL (“candidatos do PSOL vão à Justiça para liberar propaganda pró-maconha no Facebook”), Henrique Meireles, que foi candidato a presidente, o ministro do STF Luiz Roberto Barroso.
Mas, pergunte a uma mãe ou pai ou esposa cujo ente querido ficou compulsivo pelo uso da droga, se são favoráveis. Claro que não. A maioria da população é contra a liberação de drogas. O cigarro e o álcool e agora a maconha são as portas de entrada para drogas mais danosas.
Em 2018, o Instituto Paraná Pesquisas ouviu a população brasileira nos 26 Estados e no Distrito Federal e apurou que 64,6% dos brasileiros são contra a legalização da maconha no Brasil.
No Congresso, parte dos deputados também é contra, um levantamento do G1 mostra ainda que 10% são totalmente a favor da legalização; 25% são contra. Na ocasião foram ouvidos 412 parlamentares; 101 não responderam ao questionário.
Em relação ao uso medicinal ficou assim a manifestação: mais de 40% dos deputados eleitos dizem ser a favor. Eu também sou favorável à pesquisa do uso de componentes da maconha para tratamento de doenças sendo, dessa forma, usado como medicamento e não droga fumada.
Fernando H. Cardoso foi o âncora do filme “Quebrando o tabu”, que provocou ira e aplausos em uma entrevista histórica à revista Veja em setembro de 2009, quando defendeu a descriminalização da maconha. Na ocasião, disse que “a repressão às drogas tem de ser dura. Mas não adianta ser dura com o consumidor. Na cadeia, ele vai continuar fumando”. E usando outras drogas.
Nesse filme, aparece o médico Dráuzio Varella, que afirma que as drogas devem “ser encaradas como uma doença. Você não pode pôr na cadeia uma pessoa que está doente”. O escritor Paulo Coelho, um usuário em recuperação, faz um alerta a quem pretende experimentar: “Realmente a droga é fantástica. Você vai gostar, mas cuidado, hein, porque você não vai poder decidir mais nada”. A droga retira o poder de decisão do dependente, sua liberdade de escolha.
O álcool, a maconha, enfim as drogas acionam o sistema de recompensa do cérebro, uma área encarregada de receber estímulos de prazer e transmitir essa sensação para o corpo todo, o que se dá através da dopamina, um neurotransmissor (uma substância transmitida pelos neurônios cerebrais e que desencadeia sensações físico-psicológicas). Isso vale para todos os tipos de prazer – temperatura agradável, emoção gratificante, alimentação, sexo – e desempenha função importante para a preservação da espécie.
No uso das drogas e na repetição do consumo, perdem o significado todas as fontes naturais de prazer e só interessa aquele prazer imediato propiciado pela “droga de escolha” do usuário, mesmo que isso comprometa e ameace a sua vida.
Como alguém que tenha plena consciência pode ser a favor da instauração de outro fator de risco de adoecimento de pessoas (como ocorreria com a legalização da maconha, e como é com o tabaco e o álcool, com tantos efeitos negativos), em uma sociedade como o Brasil, sem estrutura pública para tratar dos seus doentes? Só mesmo esses que vivem e dormem em berços esplêndidos.