“Uns tomam éter, outros cocaína. Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.” Manuel Bandeira (1886-1968), poeta brasileiro
Nesse confinamento, que ocorre desde março no Brasil, muitas coisas aconteceram de ruim e de triste. O alarme com a surpresa da pandemia – coronavírus, distanciamento, isolamento, quarentena… Essas são palavras fortes e é preciso não deixar esse pânico se propagar – os efeitos dessas sensações alteram a rotina de todos.
Quando não temos equilíbrio interior, sofremos o baque e não conseguimos nos manter de pé, emocionalmente, e isso pode gerar mecanismo de risco como ansiedade, depressão e pânico. A nossa mente entende o confinamento como um mecanismo de punição, castigo ou condenação.
E como fica o estado espiritual das pessoas para enfrentar esse problema?
A espiritualidade e a fé ajudam muito na recuperação de problemas emocionais e até mesmo de doenças, e isso já foi tema comprovado de inúmeras pesquisas científicas, porque estão ligadas a fatores biopsicológicos. Precisamos nos humanizar e buscar nos reinventar enquanto as coisas não voltam ao normal.
Mas algumas coisas boas aconteceram, também. Tivemos tempo de reflexão sobre a vida, o trabalho, o relacionamento do casal e filhos, nossa espiritualidade; temos oportunidade de aprender a ser mais resilientes.
E estamos aprendendo a reorganizar as nossas vidas, com uma boa leitura, assistir a filmes e séries, estudar, meditar e não se esquecer de se exercitar, mesmo que a atividade física seja em casa – isto tudo vai aumentar o bem-estar e fortalecer o nosso sistema imunológico.
Outra coisa boa que ocorreu ao redor do mundo provocado pelo coronavírus, segundo a Revista Veja, foi que “fez o mercado de cocaína entrar em um colapso sem precedentes. Desde março, o preço da folha de coca, principal matéria-prima para a produção da droga, caiu 73%.
Isso aconteceu porque os traficantes não conseguem transportar a droga de países produtores para os principais mercados consumidores, os Estados Unidos e Europa”.
Segundo o órgão federal de repressão ao narcotráfico dos EUA, os cartéis foram afetados pelo fechamento das fronteiras, que impediu que os carregamentos fossem transportados, seja por via aérea, terrestre ou marítima.
Informações econômicas apontam que o mercado ilegal de cocaína movimenta 130 bilhões de dólares por ano no mundo, além de afetar a saúde física, mental e espiritual das pessoas, levando jovens ao suicídio e estimulando a criminalidade de milhares de pessoas envolvidas nas operações.
ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.