Quem é curioso aprecia a etimologia e a semântica, e consequentemente escreverá de forma mais escorreita e é estimulado a pesquisar mais. Relembramos, etimologia é o estudo do vocábulo original do qual são formadas outras palavras, por acréscimo, ou por mudança de significado que o povo lhes dá devido ao uso e costume, enquanto semântica, que é formada de sema (sinal) é o estudo histórico da transformação dos significados dos termos. É, portanto o povo que atribui e muda, com o tempo o sentido dos sinais e dos vocábulos. As palavras são formadas pelas letras, e estas são sinais. Assim o D um triângulo para os aritméticos, letra D para os gregos, poder, divindade para alguns místicos, uma casinha para crianças. O povo é quem diz: 3 é três; este sinal deitado “m” é “m”. Os romanos de língua latina usavam a palavra “fiscus” que era uma cesta de vime onde guardavam moedas, com o tempo, passou a ter a acepção, de tesouro, e depois, fiscal, e fiscalização dos tesouros (esta tarefa ficou agora com os auditores), atualmente, os fiscais examinam a execução de contratos pelos contratantes, a exatidão das obras de construção conforme projeto, as construções do próprio município, a limpeza das ruas, a higiene das residências, etc.
É maravilhoso saber de onde as palavras vieram, a acepção original, o sentimento que produziram através de toda a linha do tempo, a variedade de suas concepções!
Por exemplo, notem como é interessante, a palavra “hotel”. O termo original do grego é “hostis” que designava um estrangeiro. Com a colonização da Itália pelos gregos, passaram a identificar como “hospes” o estrangeiro amigável e como hostil quando o estrangeiro era invasor ou rival. No grego “hostis” também era uma compensação, reciprocidade, hospitalidade. Assim, “hospes” pode ser traduzido como hóspede. Antigamente construíam um quarto na frente da casa para viajores (os hóspedes) hodiernamente há os hotéis que os recebem. Não podemos esquecer que do mesmo surgiu a palavra hospício, que é o hospital psiquiátrico. Pensemos na palavra hóstia que tem a mesma origem e significava uma vítima que compensava os deuses irados pelo ofertante. Alguns povos sacrificavam crianças aos deuses incandescentes como a Moloque, Baal e outros deuses. É alarmante, mas ainda se cometem sacrifícios humanos como oferenda aos deuses. Deus advertiu aos israelitas contra essa prática (Lev. 18:21; 2 Reis 16:3; Jrer. 19:5; 1 Cor. 10:20 e tal deveria servir também para aqueles que usam disto para cultuar a esses deuses cruentos. Os católicos recebem a hóstia, também da mesma origem, como sendo o corpo real de Jesus, a Vítima, que morreu na cruz para nossa salvação. Nossa língua portuguesa recebeu a palavra via latim.
Pense. O que você tem: cara ou rosto? É uma pergunta que eu fazia em algumas reuniões e em algumas aulas. Com certeza, a maioria responderá: rosto. E se falarmos a alguém que ela tem uma cara bonita, é capaz de se sentir ofendido. A palavra rosto, de origem latina “rostrum” quer dizer focinho, bico, como o rosto do burro, rosto do corvo. Cara é de origem grega “kára” que é semblante, face. Deste vocábulo forma-se caráter, característica. Na face estão os traços físicos que identificam uma pessoa. Portanto é mais correto dizer que o ser humano tem cara e não rosto. Entretanto os dicionários já estão aceitando o uso de ambos os termos como sinônimos porque o povo usa assim.
Como é curiosa a palavra calça! Oriunda do latim “calceo” com significado de calçado. Os senadores usavam “calceo” (sapatos) vermelhos em suas reuniões e outro “calceo” ao sair. Os romanos aprenderam a usar veste mais quente com os germanos em vez de mini saia, como não tinham palavra adequada para aquela roupa chamaram-na “calçeo” (sapato) que ia até os joelhos. Com a evolução da moda chegou à cintura. Porém continuaram a ter as que só iam até os joelhos, chamadas meias. E as mulheres usam dos pés à cintura uma meia-calça. O que a moda faz com as palavras! Faz parte do vestuário um calção que vai da cintura até as coxas. Um termo aumentativo para designar uma veste diminutiva Pode!
A linguagem é um meio para comunicação, como vimos, a princípio era única, mas hoje há ao redor de 7.000 idiomas. Deus Se serve de todas para comunicar aos homens de todas as nações, tribos, línguas e cores, que Ele os ama e deseja torna-los concidadãos dos céus.
ARTIGO escrito por Leondenis Vendramim, professor de Filosofia, Ética e História. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal. São de inteira responsabilidade de seus autores.