A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout.
Eles mesmos fazem a arte-final.
Luís Fernando Veríssimo
O quarto mandamento nos manda que honremos os pais, devendo guardar aos pais respeito, gratidão, amor filial e justa obediência: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Ex. 20-12).
Do outro lado, a honrosa tarefa que Deus concede aos pais é a de gerar, educar os filhos e levá-los a conhecer Deus e suas sábias e justas leis, que nos regulam a vida e o destino.
O casamento é uma escolha, onde os cônjuges se elegem para constituir a primeira sociedade, a família – a serviço do bem-estar da comunidade conjugal e familiar.
A sociedade consanguínea é um canteiro de luz espiritual, no qual se dão bem aqueles que se guarnecem dos valores morais, da solicitude, da resignação e paciência um para com o outro e para com os filhos.
Nessa caminhada, o amor nos une numa sementeira do destino, disponibilizando as experiências e filhos; necessitamos estar juntos de nossos familiares em virtude de nosso passado, para restaurarmos o campo da fraternidade, indispensável ao bem-estar e serenidade de nossas almas.
O lar é um santuário onde o Poder Superior nos convoca à sublimação, no cumprimento dos deveres do amor e serviço cristão.
Em cada despertar de dia, nublado ou colorido, em nossa casa planetária, milhares de almas retornam ao Mundo Espiritual, deixando suas vestes físicas, e outros tantos milhares se candidatam ao renascimento. Enquanto o sol brilha no céu, com seu gigantesco poder de amadurecer as colheitas, ou uma sombra negra avança na direção da noite que chega, os candidatos à perfeição estão retornando em novos berços em busca da sublimação.
Tenhamos a certeza de que estamos colocados no melhor lugar, na situação de que necessitamos para progredir. Que ninguém se encontra em lugar errado, nem ao lado de pessoas que não mereça. Por que, no mais, tudo se enquadra dentro da lei de evolução.
Em 12 de abril de 1985, na cidade de Uberaba, Chico Xavier recebia uma mensagem do espírito Emmanuel que revelava: “Berço e túmulo são apenas dois marcos da vida, que, maravilhosa e eterna, enxameia por toda parte”.
O texto a seguir é atribuído, na internet, ao escritor português José Saramago (que recebeu o Nobel de Literatura de 1998 e anteriormente, em 1995, o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa); traz uma reflexão sobre o empréstimo que recebemos na família; uns acham que o empréstimo é da Vida, outros que é de Deus: “Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se?
Foi apenas um empréstimo”.
E você, o que pensa dos empréstimos que tem recebido? Natureza ou graça, prova ou expiação, castigo ou felicidade?
ARTIGO escrito por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é especialista em dependência química pela USP/SP-GREA
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